Li não sei quando,
não sei onde, escrito
não sei por quem…
Vou postar mesmo assim.
Estou sem assunto. Meu bornal de
sonhos hoje está vazio, vazio…
É o seguinte.
Quer ser cronista?
Bom, ruim ou esforçado,
não importa…
Quer ser cronista?
Então você precisa gostar
de contar história, romancear
um bocadinho, ter uma janela
com alguma perspectiva e
principalmente uma boa memória…
Já reparam o tanto que o verbo
LEMBRAR é usado por esses escribas…
Eu mesmo, aqui neste modesto
espaço, não me acanho, não…
Virou-mexeu lembro disso,
daquilo e daquele outro…
Como diz o mineirinho:
— Cume qui vô iscrevê si num lembrá, sô?
II.
A janela com uma bela visão
dá para entender, né? É imprescindível.
Faltou assunto, como hoje? Comece
a descrever alguma cena que
você está vendo. O vôo de um passaro.
Um apressado pedestre. O semáforo que
teima em alternar vermelho, amarelo
e verde — ou vice-versa. E por aí vai…
Se tiver um marzão à sua frente,
então! Acompanhe o vai-e-vem das
ondas, a criança na areia, a moça
que passa com graça a caminho do mar…
III.
Por falar nisso, lembrei!
Uma história que aconteceu
semana passada e esqueci de postar.
Não vi, nem me contaram…
Ouvi no rádio – e foi engraçado.
Foi com José Paulo de Andrade,
que comanda o programa Gente,
líder de audiência nas manhãs
da rádio Bandeirantes.
Desconfio que foi um vacilo
da produção. Alguém pautou
uma entrevista, via telefone,
com a aniversariante do dia,
Helô Pinheiro, a eterna Garota
de Ipanema. Foi na quinta passada,
feriado, 7 de junho.
Ligação feita. Helô espera para
entrar ao vivo. Zé Paulo anuncia
o motivo da entrevista; ela estranha
e avisa a produção faz aniversário
em 7 de julho… Julho, entenderam?
A produção alerta o apresentador
que faz questão de manter a conversa.
Com bom humor, comunica o equívoco
aos ouvintes e bate um papo super
agradável com Helô Pinheiro.
A musa lembra o Rio do fim dos anos 50,
a dúvida de Vinícius em tornar público
o nome de quem o inspirou a fazer
uma das canções mais gravadas
em todo o mundo, e o quanto se orgulha
de ser a eterna Garota de Ipanema,
a que passa com graça a caminho do mar
e vida afora nos inspira…
Estava dirigindo.
Quando a matéria terminou,
parei o carro para aplaudir.
IV.
Viu? Uma coisa puxa a outra
e logo o texto vai fluindo.
Lembrei de outra da semana passada.
Ouvi no rádio também. Não lembro
se na Band ou em outra emissora.
Chamou minha atenção pela pretensiosa
modéstia. Foi a declaração do técnico Renato,
do Fluminense. Logo após ser campeão
da Copa do Brasil, ele declarou emocionado
e querendo emocionar:
— Com toda a humildade, eu quero
dizer que este é o primeiro (título
como técnico) de muitos que virão!
Lembro (de novo, não falei) de outra
declaração do próprio Renato. Me parece
que ainda ao tempo que era jogador.
Naquela ocasião, disse que, ao encerrar
a carreira de atleta, pensaria em ser ator, pois
se achava parecido com o galã Richard Gere.
Depois da nova declaração, desconfio
que ele já está ‘treinando’ para isso…
V.
Por falar em ator…
Por falar em ator…
Por falar em ator, deu um branco.
Perdi o texto. Estou longe da janela e
a inspiração está rala nesta quinta,
atarefada e corrida. Mas, linda, linda…
Melhor, então, dedicar essas
linhas tortas ao poema Vida,
do gaúcho Mário Quintana.
Por favor, não há qualquer ironia
com os gremistas de cabeça inchada
pelos três cocos que levaram
do Boca Juniors, na Argentina. Até
porque acho que Quintana era colorado.
É só para romancear um tiquinho.
E para terminar bonito também.
Merecemos, pois não? Diz assim:
"Mas se a vida é tão curta,
como dizes; por que é que me
estás lendo até agora?"