Alguém me perguntou, em tom zombeteiro, se acredito na cassação da chapa Dilma/Temer.
Era o assunto do dia, da semana, do mês, o amigo provocou. Talvez tenhamos uma decisão histórica e eu a elogiar o futebol varzeano no post de ontem.
Assim não dá, concluiu no mesmo tom de deboche.
Cada um que me aparece que vou te contar…
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Para ser sincero até que gosto desses questionamentos.
Estou habituado a eles desde os tempos remotos das velhas redações por onde andei e escrevi, entre tantas histórias contadas, a minha própria história.
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Toda vez que criticava um disco do Roberto Carlos – via de regra, eram mais do mesmo, nos anos 70 -, meus caríssimos cinco ou seis leitores já podem imaginar a enxurrada de reclamações que chegava aos ouvidos da minha chefia. Por telefone, carta e uma ou outra fã mais exaltada vinha tirar satisfação – e exigir direito de resposta.
Por dois ou três anos repetiu-se a ladainha. Até que o grande Almeidinha me convenceu a não usar os mesmos parâmetros que usava para avaliar os discos de Chico, Caetano, Gil e companhia para comentar os discos do Rei.
São coisas diferentes, para públicos distintos.
Falou e disse, o amigo e editor.
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A coisa engrossou mesmo quando passei a assinar a coluna semanal Toque de Bola que abordava o noticiário de futebol da semana.
Escrevesse o que escrevesse era pau na certa. Sempre havia quem discordasse e, por vezes, apresentavam bons argumentos para defender a tese que defendiam.
Claro que a paixão pelo clube do coração falava mais alto.
Mas, deu para sentir que, de futebol, o brasileiro entende. Até mais do que aquele que escreve e/ou fala e se diz especialista na Imprensa.
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O que lembro de mais emocionante nesses contatos com leitores foi o telefonema que recebi de um senhor logo pela manhã, assim que o jornal circulou na sexta-feira.
Tinha 90 anos, morava sozinho. Nem sempre gostava do assunto que eu escolhia como tema da coluna:
“Às vezes, foi fala muito de política, meu filho. E a vida bem mais do que essa tristeza”.
No entanto, acrescentou:
“Acho você batuta! Porque todas as sextas-feiras o jornal chega à porta e lá está você conversando comigo, mesmo naquelas letrinhas miúdas. “
E concluiu, com tristeza:
“Bem ao contrário dos meus filhos… Que só aparecem quando precisam que eu assine algum papel. ”
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Quanto à questão que deu origem à crônica de ontem, vou ser sincero. Não entendo nada de leis, mas conheço um pouquinho do Brasil.
Penso que vão dar um jeito de segurar o Ilegítimo na presidência – e ponto e basta.