Dá para dizer que comecei relativamente tarde na Universidade.
Foi em 1998, tinha 47 anos e quase nenhuma referência para exercer a honrosa – e desafiadora – função de professor.
Sou formado, jurado e sacramentado jornalista, com tantos e tantos anos redação – o que, à época, me fazia sentir um peixe fora d’água no novo habitat, a Academia.
Dois célebres professores foram modelos balizadores para os meus primeiros passos – e ainda hoje o são. São eles: o amigo e historiador José Sebastião Witter, idealizador do tema de minha dissertação de mestrado, e o renomado professor e escritor Rubem Alves, que não conheci pessoalmente, mas que me forneceu régua e compasso para entender legal a arte e ofício de lecionar por meio de livros e artigos.
As histórias desses dois são distintas, mas têm algo em comum. Eles preconizam, em essência, a democratização do conhecimento para muito além dos muros da universidade. Na obra de cada um, é precípua a transformação da realidade, tendo como alicerce a Educação. Libertária, criativa, socialmente justa; para todos os brasileiros.
Não é tão simples assim. Há interesses controversos em jogo. Mas, identifico este como o ponto de partida e de chegada das trajetórias de Witter, grande amigo e professor, e Rubem Alves, filósofo, educador, cronista dos bons.
Ambos morreram nesses primeiros dias deste mês – Witter, no dia 7; Rubem no dia de ontem.
Julho tem sido cruel com a cultura brasileira.
Dá para cravar que caminhamos para o desamparo…