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Woody Allen, Ruy Castro e o vacilo

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Não sei o que seria de mim se não fossem os amigos.

O Blog, creiam, não existiria sem a imprescindível colaboração de cada um deles.

Não duvido que os amáveis cinco ou seis leitores (a quem, óbvio, considero igualmente amigos queridos) já perceberam quem realmente manda e desmanda por aqui.

Eles e vocês.

Mandam tanto que o Péricles que apareceu na crônica de segunda (Mais dos mesmos, belo!) retorna hoje a reclamar minha a atenção para um indesculpável vacilo.

– Qual? – pergunto sem qualquer perspectiva do que ouvirei como resposta. Até porque vacilos, vacilinhos e vacilões preenchem boas páginas do livro da minha vida que não escrevi e nem pretendo escrever.

A resposta vem em forma de questionamento:

– Você leu a coluna do Ruy Castro sobre o Woody Allen?

Faço cara de paisagem – e balanço a cabeça tímida e negativamente.

– Saiu na sexta da semana passada, na Folha – diz.

Péricles não perdoa o silêncio a que me entrego:

– Ficou mudo? Você escreve que é um cronista de jornal sem jornal – e não lê jornal?

Tento me defender:

– Leio, leio. Leio, sim, no celular, cara. Peguei gosto.

É a vez do Périclão (que não é o sambista; por favor, não confundam) sacudir a cabeça e anunciar o que considera uma “ausência imperdoável”:

– Ontem você escreveu sobre os ‘veteras’ que são referências para você, e esqueceu o Woody Allen.

Hummm. Vacilei feio. Essa doeu!

Ele percebe meu espanto, mas não me poupa da crítica:

– Quando li o Ruy pensei comigo mesmo: é uma crônica que o Rudi poderia assinar tranquilamente de tanto que você (eu!) diz gostar e colecionar os filmes do cara.

E continua em tom de “se liga, rapaz”:

– Parece que ele está mal na fita com a cidade que tanto enalteceu em seus filmes – e você nem um pio, ô ingrato!

– Nova York – piei rápido na vã tentativa de livrar a minha barra com o amigo.

– Então o que está esperando? Dê um Google aí e acesse a coluna… E escreva algo no Blog ainda hoje.

Segui o conselho (quase uma ordem). No instante seguinte, estava com o impecável texto no visor do celular.

Li e reli a saborear cada palavra enquanto o Péricles fingia indiferença olhando o entra-e-sai no Franz Café, onde estávamos.

Assim que terminei a pergunta se fez inevitável:

– E aí?

E minha resposta, mesmo sabendo das imensas limitações como cinéfilo e escrevinhador a anos luz de distância de Ruy Castro, não poderia ser outra:

– Assino embaixo. Total. É a coluna que gostaria de ter escrito.

Chama-se TRAÍDO POR SUA CIDADE e os meus amáveis leitores podem agora conferir no destaque aí ao lado.

Valeu, Péricles!

*Foto: cena do filme Contos de Nova York

 

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