Escrevo hoje sobre Zé Geraldo, compositor e intérprete de canções como “Senhorita”, “Cidadão” e “Milho aos Pombos”, entre outras.
Zé Geraldo está completando 70 anos e mereceu ontem reportagem de capa do Caderno 2 de O Estado de S.Paulo a partir de uma bela entrevista ao repórter Júlio Maria.
É raro ouvir as músicas de Zége nas rádios ou mesmo vê-lo em um dos campeões de audiência da TV brasileira. No entanto, shows e apresentações do cantor estão sempre com a lotação esgotada e o público sabe de cor a letra de suas canções, verdadeiros hinos de toda uma geração.
Aliás, esse pessoal da MPB dos anos 70 (os chamados pós-tropicalistas ou a geração de briga) tem uma relação de grande fidelidade com os fãs – e, mesmo longe dos meios de comunicação, tocam suas carreiras com êxito e, de uma forma, bem interessante ao longo de quase 40 anos de estrada. Alguns como Ivan Lins, João Bosco e Djavan investem em trajetórias internacionais. Outros, como Melodia, Alceu, Geraldinho, Elba, entre outros, cortam esse Brasil de fora a fora em turnês concorridas, como melhores tempos.
Zége pertence ao grupo que tem uma relação, digamos, messiânica com a plateia. São vistos como gurus, da mesma linhagem que Zé Ramalho e o lendário Raul Seixas, morto em 1989, mas presente na imaginação de uma legião de jovens e “não-tão-jovens”.
Neste contexto, cabe registrar que, ainda neste janeiro, no dia 6, outro ícone desta turma completou 70 anos. Trata-se do cantor/compositor Walter Franco, o mais experimental deles todos. Autor de “Vela Aberta”, “Respire Fundo”, “Serra do Luar”, “Canalha”, “Muito Tudo” e da canção “Cabeça” que detonou as estruturas do Festival Internacional da Canção de 1971.
Franco se dedica à produção de jingles publicitários em seu estúdio. Assim como o recluso Ednardo (autor de ‘Pavão Mysteryoso’) e o desaparecido Belchior (autor de ‘Como Nossos Pais’), está fora do circuito. Mas, quando anuncia uma apresentação, bem-aventurados os que conseguem um lugar para ouvi-lo.