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Zeca Pagodinho, 40 anos depois

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Foto: Divulgação

Vou lhes dizer o óbvio.

Cá pra nós, não ando lá primando pela originalidade nas postagens e na vida.

Digo-lhes, então, que:

“Zeca Pagodinho, o sambista, é uma figuraça.”

Sempre fico à espreita da alegria e dou um salve ao bom- humor quando o vejo em cena.

Achei primorosa a participação que fez num show da cantora Maria Bethânia em Salvador. Cantaram um magistral samba em homenagem a São Jorge, o santo guerreiro, intercalado pela oração ao Padroeiro na voz de Bethânia que o mago Ben Jor transformou em música.

Sobrou carisma. 

Emocionante.

Entro nesse papo – e explico.

A ala sambista dos meus amáveis cinco ou seis leitores andou me cobrando o registro dos 40 anos de sólida e bem-sucedida carreira de Pagodinho.

Faz sentido.

Foi numa Coletiva de Imprensa nos estúdios da RCA Victor, ali nas imediações do Mackenzie, na rua Dona Viridiana, que ouvi, pela primeira vez, o nome de Zeca Pagodinho como ‘um dos mais promissores nomes do samba’.

Quando foi isso, meu Deus?

Fim dos anos 70, início dos 80.

Faz tempo, hein!

A cantora Beth Carvalho foi quem deu as credenciais ao moço de Xerém.

Ela vivia uma fase gloriosa.

Ao lado da Rainha Clara Nunes e da novata Alcione eram os pilares do ressurgimento do samba como gênero musical a pontear as paradas de sucessos.

À época, só se falava em MPB e Caetano e Gil e Chico e Gonzaguinha e Belchior, a turminha de sempre.

A mulherada chegou e botou o samba no rádio e na TV.

Justificável, portanto.

Beth estava empolgadíssima, com o que via nas rodas de samba do Rio de Janeiro, com o balancê do Bloco Cacique de Ramos e o pessoal do grupo Fundo de Quintal. Citou nominalmente Pagodinho, Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Sombrinha e outros tantos.

Confesso que a reportada – eu, inclusive – não embarcou de pronto na empolgação de Beth Carvalho.

Ok.

Éramos mepebistas convictos.

Além do que andávamos maravilhados com o ressurgimento da velha-guarda de sambistas que a gravadora Eldorado promovia ao tirar do limbo do esquecimento e anonimato venerandos como Cartola, Carlos Cachaça, Nélson Cavaquinho, Clementina de Jesus, os paulistanos Paulo Vanzolini e Geraldo Filme, entre outros.

Muitos destes com discos próprios, de estreia, a jorrar lindos e poéticos sambas.

E mais:

Martinho da Vila e Paulinho da Viola viviam fase inspiradíssima.

Pois é, meus caros.

Éramos jovens e inconsequentes, no dizer do meu primeiro editor-chefe Tonico Marques.

“Pensam que sabem tudo, têm controle das coisas e a vida é uma estrada em linha reta.”

Marcão parafraseava Nélson Rodrigues e nos aconselhava:

“Envelheçam!”

40 anos depois – quer dizer, bem antes até -, deu pra reconhecer que Beth Carvalho estava com toda a razão.

Falou e disse.

Profetizou.

Quanto a nós, valorosos profissionais de Imprensa, até nos esforçávamos. Mas, de samba e da vida, pouco ou quase nada entendíamos.

Éramos ruins da cabeça e doentes dos pés.

Um grande VIVA a Zeca Pagodinho e a todos os sambistas do Brasil. São os patronos da nossa alegria.

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