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Título: Redordações de um repórter - 10 *
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 15/11/2008
 

Dá para perceber pelo relato de ontem que a reportada não agüentava mais escrever aquelas mal traçadas. Como nas redações deste Brasil varonil prevalece a máxima (que é mínima) “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, a rapaziada foi criativa e inventou uma vingancinha ingênua. Uma competição bem particular – e um tanto perigosa.

Qual, entre eles, daria o apelido mais adequado aos simpáticos visitantes.

Sigamos a metodologia para entender.

O formato do texto-legenda não mudava muito do que ontem lhes contei.

Estiveram ontem em visita à nossa redação e blábláblá...

Quando chegasse a hora de nominar os meninos e meninas, deveriam demonstrar nosso potencial – e lascar sem nó nem piedade a alcunha merecida. O autor repassaria a todos os interessados na Redação que dariam uma nota ao apelido e importante: o editor da página trataria de fazer o reparo antes de enviar a página para a publicação.

Mais ou menos assim:

Onde costumavam escrever “os estudantes são Chiquinho, Huguinho e Zezinho”, o aporrinhado do dia poderia lascar lá o que bem entendesse, tipo “os pestinhas são...” ou “os estropícios são...” e por aí afora.

Como percebem, o editor deveria ficar atento. Antes de mandar a página para ba gráfica, apagar o qualificativo e colocar no lugar a palavra “estudantes”.

Foram algumas semanas nessa diversão. Houve até uma grande polêmica. Alguém usou o termo “cambadinha” e foi desclassificado porque mudava a estrutura da frase. Além de ser palavra no feminino, também exigia a concordância do verbo no singular. O editor precisaria fazer diversas mudanças – e poderia incorrer em erros outros na publicação. Formou-se até uma comissão para avaliar o caso que decidiu pela eliminação.

O autor ficou inconsolável.

O campeonato andava muito equilibrado e era bem comentado na Redação. Até que se deu o ocorrido que alguns também chamam de inevitável.

Uma bela manhã, todos receberam em casa um telefonema. Era uma convocação para uma reunião de emergência. Houve quem imaginasse outro 11 de setembro. Outros, a queda do presidente...

Nada disso.

O editor vacilão mandou o texto para impressão sem revisar.

Resultado. Publicou-se o texto sem a devida alteração.

“Estiveram ontem em visita à nossa Redação os alunos da Escola Municipal Fulano de Tal. Os BIGATINHOS são... “

Podem imaginar o tamanho da confusão. Uma comissão de pais dos bigatinhos; ops, dos estudantes. Professores, membros da APM da escola, a diretora. Todos ali no saguão do jornal, indignados, ansiando por vingança.

Foi nesse dia que aprendi que os bichinhos da goiaba têm esse nome: bigatos.

Achei apropriado.

Mas, minha maior nota continuou sendo para a palavra da semana anterior:

“Os PERDIGOTOS são...”

 
 
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