Dissertação apresentada em cumprimento
às exigências do
Programa de Pós-Graduação
em Comunicação Social da
Universidade Metodista de São Paulo para
obtenção do grau de Mestre.
Orientadora: Profa: Dra: Graça Caldas.
“Glória
ao padeiro que acredita no pão” –
Rubem Braga
Era de causar admiração a emoção
do professor José Sebastião Witter
na primeira semana de dezembro de 1999. O professor
despedia-se do cargo de diretor do Museu Paulista
da Universidade de São Paulo, o Museu do
Ipiranga, por obra e graça de alguns trâmites
burocráticos que o obrigaram a se aposentar,
após 48 anos de vida acadêmica, dentro
da instituição. Uma série
de eventos marcou aqueles dias que incluiu a posse
da nova diretora, Raquel Glezer, um jantar em
sua homenagem organizado pelas lideranças
locais e a inauguração da majestosa
iluminação externa do centenário
prédio do Museu, seu último ato
como diretor.
Todos esses momentos, a bem da verdade, surpreenderam
esse paulista com olhos de menino espantado, como
a olhar o mar pela primeira vez. “Foi o
coroamento da minha carreira na USP”, confessaria
mais tarde.
O emérito professor doutor em História,
membro da Academia Brasileira de Educação,
escritor compulsivo, cientista, pesquisador e
“marqueteiro” (como ele gosta de se
definir) poderia estar olhando – e com justificado
orgulho – a luminosidade de uma obra que
se revelara impossível há seis anos
quando aportou no bairro do Ipiranga. Não
sabia da “hercúlea” tarefa
que o esperava ali na chamada Colina Histórica.
Chegou para reerguer o combalido prédio
do Museu Paulista da Universidade de São
Paulo.Àquela época, tão distante
da comunidade que lhe emprestou o nome quanto
da Academia.
O Museu vivia um período de ostracismo
e abandono. Com a agravante de ter o seu maior
patrimônio (que é o próprio
prédio) dilapidado pela devastadora ação
do tempo, pela confusa distribuição
de responsabilidades no Parque da Independência
onde se localiza (há um confronto de poderes
entre União, Estado e Município)
e pelos resquícios do desmantelamento causado
pelo fim do grandiloqüente Espetáculo
de Luz e Som, que fez apologia do regime militar
em 1972, ano do sesquicentenário da Independência.
A proposta deste trabalho é registrar
o “espaço lúdico” de
conquistas, aprendizagem e incentivo à
ciência em que se transformou o Museu Paulista,
de maio de 1994 a dezembro de 1999. Pretende também
enfocar uma página especialmente feliz
da nossa História: o resgate da imagem
centenária do Museu do Ipiranga, como é
popularmente conhecido. E mais: mostrar como a
instituição se projetou viva e participativa
na virada para o Terceiro Milênio.
Trata-se, pois, de um estudo exploratório,
a partir do registro de estratégias comunicacionais.
Tem como fio condutor a atuação
do professor José Sebastião Witter,
durante quase seis anos, período em que
realizou a maior de todas as reformas da longa
história destas instituição,
que completou 113 anos em setembro de 2003. |