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Título: Amarilis
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 11/09/2010
 

Quando a viu chegar pela primeira vez à Redação, Almeidinha, o último dos românticos do jornalismo nativo, tremeu na base e desconsiderou, no ato, a presença de todos que estavam na ampla sala de piso assoalhado e grandes janelões para a ruidosa avenida daquele tradicional bairro paulistano.

Viajou na maionese de trôpegos amores e decretou para si mesmo:

Fim do martírio. Ali, onde ele era o rei das edições especiais e dos ‘fechamentos’ fora de hora, ela e só ela poderia sua rainha.

Por isso, não teve dúvida em fazer ressoar pelos cantos e bordas das velhas paredes, o conhecido bordão:

--Bela espécie...

Alguns passos e lá estava o caudilho das notícias a recepcionar, como a uma princesa, a nova estagiária.

-- Muito prazer, meu nome é Amarílis – retribuiu a moça de gestos contidos e sorriso tímido.

Era pouco mais do que uma menina e já tinha aos seus pés o encantamento do veterano secretário de Redação.


A bem da verdade, não era preciso muito para que Almeidinha enroscar-se entre a glória e o desespero de romances impossíveis – diga-se, inclusive, que alguns só existiram mesmo na pródiga imaginação do próprio.

Não foi exatamente este o caso de Derenice (assim mesmo com d e e), a última das encrencas. Chegaram mesmo a dividir as escovas num quarto de pensão ali, no Sacomã.

Não que tenha durado muito – ano e tanto, se tanto.

A morena taluda era do barulho.

Fazia e desfazia, e o pobre jornalista apaixonado fazia vistas grossas. Até porque, como dizia o grande Zé Armando, colunista social e profundo conhecedor da alma humana, o quinhão que lhe sobrava, no rala e rola, já estava pra lá de bom para a lata e a estampa do amigo.

Um dia, Derenice foi de vez.

E o Almeidinha ficou de dar dó, mais solitário que um paulistano.

Pior: tanto tempo depois, e ele não conseguia esquecê-la...

Até aquele começo de tarde quando teve a antevisão do paraíso ao ver Amarílis chegar...

* AMANHÃ CONTINUA...

 
 
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