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Título: Igual, mas diferente
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 07/10/2010
 

Não lembro qual.

Mas, há um filme do Woody Allen em que o protagonista – interpretado pelo próprio – é um professor de texto em uma universidade americana. Lá pelas tantas, bem ao estilo woodyano, vem a reflexão que faz a um interlocutor:

-- Ensinar a escrever é como ensinar a pensar.

E conclui:

-- Impossível!

Desnecessário dizer que o cineasta é um arguto observador das dores e das delícias da nossa miserável condição humana. Um pelo outro, pouco mais, pouco menos, é o tema central de toda sua vasta obra cinematográfica.

Valho-me da minha experiência como professor de jornalismo para fazer a modesta observação.

Ensinamos aos jovens conceitos de narrativas e linguagens jornalísticas para o texto impresso, para o rádio, para a TV e agora também para o online.

Ensinamos as técnicas para entrevista e para apuração e construção da notícia.

Ensinamos um cabedal de artifícios, truques e traquejos para que, enfim, o futuro repórter produza uma bela reportagem.

Na hora do vamos ver, porém, quando o repórter está na rua, é ele com ele mesmo.

Vale mesmo o olhar pessoal, a percepção e o poder de interpretação dos fatos que compõem a realidade a ser retratada.

São decisões de fórum íntimo que dão margem, queiramos ou não, a abordagens diferenciadas para o mesmo assunto.

Creio que o bom jornalismo passa por aí.

Mas, anda distante das redações.

De um modo geral, jornais e revistas estão cada vez mais parecidos (vale também para rádio, TV e online).

Somos hoje refém de um só olhar, uma só opinião que, em tempos eleitorais, diga-se, repetem à exaustão.

Lembro que certa vez entrevistei o mago Raul Seixas que fechou o bate-papo, com a seguinte frase:

- O importante é que deixemos nossa impressão digital sobre o mundo.

Se vale para arte, imagino, deve valer também para a vida de cada um e para o jornalismo.

Meus jovens alunos – e futuros repórteres – devem refletir sobre o tema. Caso contrário, num futuro bem, correm o risco de serem substituídos por um grande computador que, abastecidos das informações básicas do velho e bom lead (o quê, quem, quando, onde, como e o porquê), será responsável por um brilhante texto igual a todos os demais.


** foto no blog: Camila Bevilacqua

 
 
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