Ano passado, participei de um encontro de professores-escritores com o amigo e jornalista Jorge Tarquini.
Foi divertida – e impactante – a forma como ele abriu sua fala para a platéia, formada basicamente por alunos de jornalismo (sim, o curso ainda existe, e vai bem obrigado!):
-- Antes de qualquer coisa, e porque sei que a pergunta é recorrente, inevitável portanto. Aviso logo a todos: eu não peguei a Bruna Surfistinha.
Rimos todos, inclusive o Tarquini.
Logo entendemos a via-crúcis do amigo ao longo desses anos.
Na condição de autor do texto final do livro O Doce Veneno do Escorpião a partir do depoimento da própria Bruna Surfistinha (Raquel Pacheco), a pergunta e outras graçolas foram frequentes sempre que era convidado a falar sobre o livro.
Nesta semana, que precedeu ao lançamento do filme “Bruna Surfistinha”, encontrei o amigo para um café. Estávamos ali a confabular sobre o risque-e-rabisque da vida até que fomos interrompidos pela presença de um amigo comum que foi logo parabenizando Tarquini:
-- O que, hein! Vi seu nome no cartaz do filme da Bruna Surfistinha. Parabéns! Nada como ter amigos importantes.
Tarquini não havia visto o tal cartaz. Ficou um tanto constrangido, mas agradeceu a referência:
-- Que importante, que nada. Deixa disso!
O amigo continuou:
-- Verdade, rapaz. Até falei para o meu sobrinho de 16 anos que eu conhecia você – e sabe o que ele me perguntou, sabe, sabe?
Claro que Tarquini sabia...
Bastou olhar para ele e entender que “o inevitável” lhe passava pela cabeça.
-- Vai começar tudo outra vez, me disse baixinho, com algum desalento, mas sem perder o bom-humor. |