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Título: A grita do Ipiranga
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 16/04/2011
 

Morei um bom tempo no Ipiranga.

Trabalhei no jornal local outro tanto.

Ano passado, fui orientador de um livrorreportagem sobre o histórico bairro.

Chamou-se “Ipiranga – Histórias de um bairro que virou metrópole”.

Quer dizer, essa por aquelas, permito-me dizer que conheço o suficiente “as gentes do Ipiranga”, como dizia um amigo que como eu freqüentava o Clube Atlético Ypiranga, para entender perfeitamente o que motivou o Conselho de Segurança local, formado por moradores, a tomar a decisão que tomou: entrar com uma representação no Ministério Público Estadual para impedir a realização das festividades de 1o de maio da Central Única dos Trabalhadores no Parque da Independência.

A estimativa inicial é de que, no mínimo, um milhão de pessoas estarão presentes, esparramadas pelo chão sagrado onde (supostamente) se deu o Grito da Independência.

II.

Chão sagrado.

Não se espantem com a expressão, amáveis quatro ou cinco leitores.

É exatamente assim que os ipiranguistas definem aquelas paragens ao redor do hoje poluído Riacho do Ipiranga, onde se aninham o Museu Paulista da Universidade de São Paulo (também chamado de Museu do Ipiranga), o Monumento do Ipiranga, a Cripta onde repousam os restos mortais do Imperador, a Casa do Grito, os Jardins Franceses, o Museu de Zoologia (também da USP) e um dos raros nacos da Mata Atlântica que possui a metrópole.

Há também a Capelinha de Bom Jesus do Horto, tida e havida como a primeira igreja da região. Uma preciosidade que sobreviveu à demolição do Convento das Irmãzinhas, que aconteceu ainda nos anos 80, e que abrigou Santa Paulina, quando chegou a são Paulo no início do século 20.

Trata-se, como se pode ver, de um considerável patrimônio histórico.

Alguns desses bens, inclusive, são tombados pelas instâncias competentes – e devem ser preservados como bens públicos.

III.

Claro que há e/ou pode haver um componente político/ideológico na representação.

Mas, cá para nós, o lugar não é adequado para tamanha manifestação.

Não há a mínima infraestrutura para atender às necessidades básicas da multidão.

Nem vou tocar na questão dos banheiros.

Fico apenas com o trânsito e as condições para estacionamento de veículos.

Só quem mora na região pode afiançar o caos que se instala por horas e horas.

Arremato dizendo que trata-se mesmo de uma questão de segurança pública.

Bem próximos existem dois hospitais – o Ipiranga e o São Camilo – que tem o atendimento comprometido pelo tumulto que se espalha por toda região.

IV.

Sei que dá um charme danado promover-se qualquer evento ali.

Além do que, é garantida a presença de público (até em fins de semana de chuva, tem sempre duas ou três mil pessoas perambulando pelas alamedas e jardins). No entanto, os riscos e inconvenientes definitivamente não compensam.

Em 1981 ou 82, a Globo e outros parceiros promoveram ali, em um 7 de setembro, o que seria a representação do Grito do Ipiranga. Correram boatos de que Tarcísio Meira, ao vivo e em cores, faria o papel de D. Pedro I e que Cid Moreira seria o apresentador.

Um público aproximado de 500 mil pessoas acorreu ao local.

Foi um furdúncio.


* amanhã continua...

 
 
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