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Título: Outro sem noção...
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 16/08/2011
 

Vejo a notícia – e não me surpreendo.

São 98 milhões de celulares habilitados só no Sudeste brasileiro.

Não sei se é um feito ou um defeito.

A princípio me parece interessante constatar que mais gente tem acesso às novas tecnologias e cousa e lousa e maripo(u)sa.

Afinal, como disse lá traz o filósofo Chacrinha, quem não se comunica...

Por outro lado, não vejo lá grandes proveitos, digamos, sociais nessas conquistas.

Ainda ontem, enquanto aguardava na longa fila do desembarque no aeroporto de Cumbica, ouvi sem querer ouvir toda a história do que fez e do que não fez jovem advogado brasileiro que, em viagem de férias, passou os últimos 30 dias entre Uruguai e Argentina.

Enquanto andávamos a passos de tartaruga pelo caminho demarcado com fitas, soube que o jovem tocou violão em uma praça quando estava sem dinheiro, fez um amigo argentino que lhe pagou a pizza, conheceu uma jornalista brasileira que acabara de ser demitida e resolveu dar um ‘perdido’ pelas terras de Gardel, entre outras perolações.

Ele estava a dois ou três lugares atrás de mim na tal fila. E falava animadamente pelo celular que ligou assim que desembarcou. Do outro lado da linha, suponho, o colega de trabalho tentava refutar a conversa, com desculpas do tipo “estou dirigindo”, “mais tarde a gente se fala” e quetais.

No entanto, o meu ilustre parceiro de périplo insistia:

-- Claro, claro, depois a gente se fala, mas só uma coisinha a mais...

E tome uma nova história:

-- Ah! Outra coisa: a Talita saiu de casa. Não tem volta. Acabou, cara, acabou.

Estou solteiro novamente. Mas, não vou fazer loucura. Não sou cara de baladas...

Percebi que nós, os incautos que dividíamos o triste espaço com o rapaz, passamos a torcer pelo interlocutor do falastrão que engatava um quásquásquás atrás do outro:

-- Estou bem, cara, estou bem. Vou lhe contar. Estou pensando em ir atrás da Ana...

No que ele disse essa frase, um gaiato ao lado dele sacou o próprio celular e passou a ligar para todas as “anas” da agenda eletrônica.

E nos confidenciou:

-- Acho bom vocês fazerem o mesmo. Guerra é guerra. Liguem seus celulares e vamos à luta para livrar essa pobre Ana, seja quem for, desse chato, sem noção.

 
 
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