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Título: Alguém que não sei quem...
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 18/11/2011
 

Eis o mistério...

Alguém – que não sei quem – esqueceu a pequena agenda sobre minha mesa de trabalho.

Encontrei-a hoje pela manhã, assim que cheguei, ao lado do computador.

Tem uma capa toda transada, é verde enfeitada por réplicas de autógrafos dos grandes escritores estampadas em branco. Imagino que seja este o motivo dos adereços, pois identifico os nomes de Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, Eça de Queiroz, João Cabral de Melo, entre outros.

De quem será a dita-cuja?

Alguém que esteve aqui na noite de ontem.

Precisou usar o computador. Viu a baia onde trabalho vazia. E não teve dúvidas...

II.

Perguntei aos meus pares se alguém se habilita a ser o(a) proprietário(a).

Ninguém se manifestou.

Trataram a questão até com certa indiferença.

“Deixe no balcão de atendimento que o dono aparece.”

Não é bem assim.

Uma agenda é sempre uma agenda.

Fonte de referências, anotações, compromissos; quase um guia existencial que pode definir o sim e o não da vida de muita gente.

III.

Certa vez, perdi minha caderneta de telefones quando retornava de uma viagem à França.

Tomaria o voo para o Brasil em Madri na tarde de sábado. Por isso, parti de trem de uma das gares de Paris na manhã de sexta.

Combinei com os amigos que daria notícia em cada uma das etapas da viagem.

No metrô da Capital espanhola me dei conta do descuido.

Resultado: só na manhã de segunda quando cheguei em São Paulo pude tranquiliza-los.

Estavam a ponto de comunicar a embaixada brasileira do meu desaparecimento.

Olha a confusão que eu iria arranjar.

IV.

É certo que, naquela época, não havia celular, internet, redes sociais; essas modernidades...

Mas, convenhamos, amáveis leitores, há segredos únicos, raros, bem pessoais que não cabem nessas engenhocas eletrônicas.

Só mesmo a maciez do papel dá abrigo seguro e apropriado a certas confidências.

Diria mesmo que é uma questão de estilo.

Concordam?

V.

De qualquer forma, vou deixar a agenda no lugar que está.

Até que alguém – que não sei quem – apareça.

Como diz a canção do Gil, mistérios sempre há de pintar por aí...

 
 
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