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Título: Primeiras ilusões
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 04/03/2012
 

A partir de hoje, São Paulo recebe a mostra “Quero Ser Marilyn Monroe”, que reúne 125 obras que têm a célebre atriz como tema e inspiração. São pinturas, gravuras, registros fotográficos, além de uma seleção de seus melhores filmes.

Está na Cinemateca Brasileira – e vale a pena conferir, é o que todos dizem.

Para ser sincero, ainda não estou certo se passarei por lá.

Por motivos óbvios, nunca pensei em ser Marilyn. Conheci, porém, um punhado de meninas que, nos idos de 50, ousaram ter esse sonho.

Queriam ser Marilyn, Brigite Bardot, Kim Novak, Jayne Mansfield, entre outras louras e sensuais musas do cinema.

Eu era garoto de tudo, não completara 10 anos de idade e todos ainda me chamavam de Tchinim.

Inclusive elas, as moçoilas, metidas a moderninhas, amigas das minhas irmãs que iam tomar sol no quintal de casa.

Deviam ter aí entre 16 e 18 anos, e usavam shorts bem mais recatados do que esses que hoje se vê comumente pela aí em ruas, praças, shoppings e escolas.

Naquela época, deixar as coxas desnudas era um escândalo inconcebível.

Só mesmo na praia, onde todas iam de maiô de “perninha” - e olhe lá...

Por isso mesmo, marmanjos ficavam longe daquela roda.

Exceção feita ao Tchinim, que era criança de tudo.

Pois, vejam como as coisas são...

Eu ficava por ali imaginando uma brincadeira qualquer, mas admirando a beleza juvenil de cada uma.

Ficava também atento a tudo o que diziam...

Falavam de flertes, de namorados, que Fulana estava fumando às escondidas, de filmes e do plano arrojado que todas tinham de tingir os cabelos de loiros para ficar parecendo “artista”.

No fundo, sabiam que era algo fora de propósito. Artista – fosse de rádio, de TV, de teatro – não tinha lá uma boa fama. Pintar cabelo, então, era jogar na bocarra do povo a reputação de “moça de família”.

Algo impensável.

Certa tarde, para espanto geral, uma delas apareceu loiríssima, mais linda do que nunca. Foi como se uma deusa do cinema batesse à porta da casa onde o garoto morava, sorrisse e pedisse licença para entrar.

Houve um óóóóó generalizado. De surpresa e alguma inquietação.

Tchinim ficou em silêncio, coração sacudindo o peito, como nunca antes sentira.

Estava confuso:

Seria Marilyn?

Seria Brigite?

Chamava-se Ia, e apenas Ia, a moça – e durante um bom tempo eu quis escrever sobre essa lembrança pueril, mas não só.

Notas do blogueiro:

*A Cinemateca Brasileira fica no Largo Senador Raul Cardoso 207, Vila Mariana.

*E o termo “pueril” foi uma homenagem às avessas ao bobalhão da Fifa que disse o que disse.

 
 
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