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Título: Reunião de caixa
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 05/04/2012
 

Acompanhei um grupo de estudantes de jornalismo que, na manhã do dia 5 de abril de 2006, visitou o Departamento de Jornalismo da TV Globo, em São Paulo.

Andamos para lá e para cá, conhecemos as instalações, os estúdios. Conversamos com os profissionais que preparavam os telejornais vespertinos.

Lá pelas tantas fomos convidados a acompanhar a chamada “reunião de caixa” que pautaria o Jornal Hoje daquele dia.

Uma belíssima experiência a ser vivida in loco pelos futuros profissionais.

A “reunião de caixa” é na verdade uma videoconferência em que os editores responsáveis, sediados em Sampa, passam em revista os assuntos sugeridos pelas diversas praças onde a Globo tem sucursal.

Elas que abastecem o noticiário do dia.

“Salvador, o que temos de novidade por aí?”

Aparece na tela (a caixa), em circuito interno, o jornalista na Bahia que informa os fatos e as reportagens do dia.

O garimpo do que entra e do que não entra fica por conta dos editores daqui.

“Fala BH!”

- Blábláblá...

“Manda aí Belém!”

E mais blábláblá.

Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba...

E assim foi a reunião, na flauta, até que chegamos ao Rio de Janeiro.

A editora carioca caprichou na lista prováveis reportagens que poderiam ser veiculadas. Já estava se despedindo quando lembrou uma informação que, de tanto se repetir, talvez não interessasse mais.

-- É que ontem à noite – disse ela – o palhaço Carequinha foi internado no hospital. Não sei se vale a pena ‘cobrir’. Ele está com 90 anos e, todas as semanas, vai parar no hospital que, aliás, fica em frente a casa onde mora...

Neste exato instante, entra um repórter afoito nos estúdios e dá a notícia:

-- Morreu o palhaço carequinha. Foi agora, no hospital em frente à casa dele.

Vinte segundos de silêncio, literalmente, sepulcral – e logo se agitaram todos os setores do jornalismo para dar a notícia: confirmar o falecimento com o hospital, interromper a Ana Maria Braga para o primeiro anúncio, produzir uma nota com imagens para o boletim informativo que chama o JH, revirar arquivo para uma matéria mais bem produzida tanto para o JH como para o JN e equipes de reportagens na rua para apuração e depoimentos sobre um dos grandes nomes da nossa arte circense.

Por tudo que testemunharam, os jovens voltaram da Globo com a sensação de terem vivido uma experiência única, enriquecedora.

Uma lição de jornalismo.

Entenderam ali, na lata, que o bom profissional não pode nunca subestimar a informação.

 
 
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