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Título: Cenas de um bicampeonato
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 17/06/2012
 

17 de junho de 1962.

Eu era garoto.

Tinha onze anos.

Alguns ainda me chamavam de Tchinim, o apelido da primeira infância.

Não havia, creio, essa dimensão midiática e global que hoje tem uma Copa do Mundo.

Também não acalentávamos o trauma da Copa de 50.

Não sei se exagero...

Mas, para nós, garotos remediados e suburbanos do Cambuci, era mais importante que o nosso clube de coração vencesse o Campeonato Paulista.

Vivíamos mais intensamente as coisas da nossa aldeia.

Por exemplo, um ‘pega’ entre o Santos Futebol Clube do Cambuci (dos indomáveis atacantes Queiroz e Espanhol)contra o República (do inexpugnável goleiro Manolo) era assunto de todas as rodas, todos os dias; antes e depois do jogo.

Mesmo assim, não éramos indiferente à seleção brasileira que acompanhávamos pelas transmissões radiofônicas na Copa do Chile.

Não havia essa paradeira generalizada que acontece de uns tempos para cá sempre que há jogos da seleção na Copa.

Diria que torcíamos moderada e harmoniosamente para o escrete.

No dia seguinte, um ou outro assistia ao videotape da partida – e comentava os lances para que tentássemos entender a genialidade de um Garrincha, o destemor de Amarildo, o oportunismo de Vavá.

Vale lembrar que nem todos tinham TV em casa. O tape das partidas eram transmitidos depois das 22 horas , horário mais do que incômodo às famílias de então.

Por maior que fosse o caradurismo do televizinho, aquela era uma época em quehavia limites para tudo.

Ainda mais param quem pegava cedo no batente.

Comemoração, comemoração mesmo só mesmo após a vitória sobre a Tchecoslováquia (3x1) e a conquista do bicampeonato mundial.

Os amigos se abraçaram. Ouviu-se o espocar de fogos de artifício, soaram as buzinas dos automóveis, os bares ficaram cheios de senhores que abriram mão do formalismo diário para regozijarem-se por novamente sagrarem-se os maiores do mundo.

Nós, os meninos de então, corríamos de um lado para outro. Tentávamos lucrar algum com o título brasileiro. Apostávamos no bom humor e na generosidade dos adultos. Nada transcendental, porém. Podia ser um punhado de bala Toffe, um Guaraná Caçula ou mesmo um generoso pão doce...

Quanta ingenuidade!

E lá se vão 50 anos...

 
 
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