Há dias em que mais flagrantemente entendemos o porquê amizade rima com saudade.

Hoje é um dia assim.

O saudoso Ismael Fernandes (foto) completaria 67 anos .

Foi um amigo raro, desses que se têm como irmão.

Inesquecível.

Que se cita em conversas atuais.

E que, a cada lembrança, uma doce emoção nos embriaga.

Trabalhamos juntos por anos.

Foi o melhor colunista de TV que conheci – e ainda hoje é imbatível no quesito telenovela.

Aliás, a “Bíblia” da telenovela brasileira é de sua autoria.

O livro “Memória da Telenovela Brasileira” teve sua primeira edição lançada em 1982. Ou seja, está completando 30 anos de existência.

Depois vieram mais três edições atualizadas – a última (póstuma) em 97.

Tal e qual um arqueólogo do futuro, Ismael escarafunchou os arquivos das emissoras de TV brasileiras para resgatar os primeiros passos do gênero. Fez um amplo almanaque com todas as informações e a ficha técnica dos títulos exibidos. Não esqueceu sequer de analisar criticamente cada uma das tramas e, não é exagero dizer, foi o primeiro pesquisador na área comunicacional a revelar a importância da novela televisiva para a dramaturgia brasileira.

-- Meu livro é maior do que eu – dizia modesto, o grande IF (era assim que ele assinava as colunas nos jornais).

Em um trecho do prefácio da quarta edição, a professora doutora Anamaria Fadhul assim definiu o trabalho de Ismael:

“Sem esse levantamento exaustivo de todas as telenovelas exibidas (...), estudar a evolução da telenovela no Brasil seria uma tarefa quase impossível, devido à quantidade de obras já produzidas. As três edições anteriores se esgotaram rapidamente, transformando essa obra em referência obrigatória também paras os jornalistas e outros profissionais da mídia. Ela está em quase todas as redações de jornais e revistas, pois é indispensável para se entender essa paixão nacional que é a telenovela brasileira. Além disso, é obrigatória para todos aqueles pesquisadores de outras áreas das ciências sociais, que pretendem iniciar-se no campo da teledramaturgia brasileira.”