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Título: Ser palmeirense em 1993
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 12/06/2013
 

Não gosto nem de lembrar. De tão humilhante que era.

Foi no tempo em que os estádios eram repartidos – metade, metade, ou quase isso - pelas torcidas dos dois times que se enfrentariam.

Ouvíamos calados, impotentes o delírio vindo da banda de lá das arquibancadas a contagem que nos corroia alma e coração:

Um.

Dois.

Três.

(...)

Dezesseis...

O mais dilacerante vinha agora, aquele corinho doído e triste:

Parabéns a você

Nesta data querida...

II.

Era assim que eles – os do lado de lá – deliciavam-se com os anos de fila que o Palmeiras curtia, sem ganhar nenhum título desde 1976.

Diria que a zoeira que hoje nos impingem por disputarmos a segunda divisão é fichinha perto daquele tripudiar.

III.

De nada adiantava a nossa argumentação.

Batemos na trave tantas vezes. Por detalhes, não nos sagramos campeões.

Em 1978, o Arnaldo “a regra é clara” Cézar Coelho inventou um pênalti do Leão em Careca e quebrou o Palmeiras na final do Brasileirão, frente ao Guarani. Ano seguinte, foi a vez do presidente Vícente Matheus, daquele outro time, adiar a final do campeonato paulista para início de 1980, quebrando o ritmo de vitórias e goleadas do Palmeiras, de mestre Telê Santana.

Em 1986, foi aquela esparrela diante da Inter de Limeira, e lá se foi mais um Paulistão. Três anos depois, a acusação de dopping de Mário Sérgio fez a maionese desandar, quando o Palmeiras, do então técnico Leão. No início dos anos 90, os embates com o São Paulo, sempre com resultados suspeitos, a nosso ver, claro.

IV.

Nada disso valia.

Valia mesmo aquele zumbido ampliado, retumbante, dos estádios lotados (no tempo em que os estádios lotavam) a nos infernizar:

Um.

Dois.

Três.

(...)

Dezesseis...

Parabéns a você

Nesta data querida...

V.

Pior é que passamos anos a fio – a década de 60 e quase toda a de 70 – a entoar a mesma cantilena, espezinhando as aflições daquele outro time que passou 23 anos na mais longa fila da história do futebol brasileiro.

Naqueles tempos, eles eram os algozes – e nós, as vítimas.

Não era fácil.

VI.

Foi então que aconteceu aquele 12 de junho de 1993, inesquecível, heróico, histórico. As dores se dissiparam aos pés Evair, Edmundo, César Sampaio, Tonhão e Cia.

Foi uma sapatada e tanto no arquirrival, aquele outro time.

A vida voltou a nos sorrir.

O amor é verde, meus caros, como ensinou o grande Moacir Franco.

 
 
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