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Título: Ainda sobre o caso Jango
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 14/11/2013
 

*Aspas para Jânio de Freitas, em sua coluna de hoje, na Folha de S.Paulo:

Bela ideia, a da recepção conjunta, em Brasília, dos quatro ex-presidentes vivos e da presidente aos despojos de João Goulart, prevista para a manhã de hoje. Quaisquer que sejam os erros atribuíveis a João Goulart, com ou sem possível razão, entre eles não está ato algum de traição à democracia.

João Goulart foi parte ativa de um período dificílimo do Brasil, pela agitação política e social, pela ação de interesses estrangeiros, a exacerbação das ambições de poder, a conturbada descoberta de si mesma por toda a América Latina, tudo isso no quadro estrangulante da Guerra Fria. A violência valeu-se de todas as formas possíveis naqueles anos. João Goulart não a usou nunca. Lutou politicamente, mas não se vingou jamais, por nenhuma das tantas formas de vindita ao seu alcance, de algum dos autores da perseguição odienta de que foi alvo por inúmeros políticos, militares e meios de comunicação, desde quando ministro do Trabalho, no governo presidencialista de Getúlio, à sua derrubada e exílio.

II.

*Aspas para Carlos Heitor Cony, em trecho do prólogo (Por que escrevi este livro) de “O Beijo da Morte”, publicado em parceria com a jornalista Anna Lee, em 2003:

Mesmo assim, não como desculpa mas como informação, reconhecemos que este O Beijo da Morte não é conclusivo. Antes de escrevê-lo, Anna Lee e eu tínhamos a consciência de que não poderíamos chegar a uma certeza sobre a morte dos três personagens. O caso de JK está encerrado, o de Jango está aberto mas longe de uma conclusão. O de Lacerda nem sequer foi aberto. As duas Comissões Externas da Câmara dos Deputados, que investigaram as circunstâncias da morte de JK e Jango, também não chegaram a uma conclusão, embora reconhecendo que a soma dos depoimentos e pesquisas efetuadas representa um somatório de dúvidas que poderão ser esclarecidas futuramente, com o surgimento de fatos novos.

A única certeza que Anna Lee e eu possuímos é de que a palavra final sobre o mistério das três mortes talvez nunca seja possível. Desde 1976, quando ocorreu o desastre na Rio—São Paulo que matou JK, formei uma opinião pessoal sobre o caso: os indícios são mais fortes do que as provas. É um paradoxo, reconheço. Mas ao longo deste trabalho, Anna Lee e eu verificamos que muitos pesquisadores do mesmo assunto tiveram opinião idêntica ou análoga. E um dos depoentes na Comissão da Câmara dos Deputados que investigou a morte de João Goulart, o ex-governador Miguel Arraes, expressou-se mais ou menos da mesma maneira, mas com formulação melhor e radical: “Para mim, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda foram assassinados. Os fatos são outra coisa.”

 
 
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