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Título: Sobre o Golpe de 64
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 04/04/2014
 

Depoimento da professora doutora Magali do Nascimento Cunha, do pós de Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo e membro da Comissão da Verdade, sobre o que nos foi que nos foi imposto com o Golpe de 64:

(...)

Quando os militares fizeram a quartelada de primeiro de abril de 1964, não foi simplesmente mais um golpe militar. Foi uma ruptura com certo estilo de intervenções no passado. Os militares agora queriam o poder. E o queriam para ter um Estado militarizado e ditatorial. Poder supremo contra todos e tudo. Inimigos de dentro e de fora do país. A destituição de Jango não foi seguida de eleições. O grupo da Escola Superior tinha outra estratégia bem montada. Impuseram o seu candidato ao poder, general Castelo Branco, um dos seus. E a engrenagem entrou em funcionamento: ligar o Brasil aos EUA, defender a ideologia da Segurança nacional, entrar na guerra fria ao lado do sistema capitalista norte-americano. Não era mais só um golpe, nem só militares no poder. Existia uma ação lenta, preparada, sistemática e progressiva para dominar os aparelhos de Estado e domesticar a sociedade civil e seus organismos sociais. Na coerção ou na mentira.

O golpe foi dado com a ajuda de civis, governadores e do partido UDN. O que se falava era defender democracia e o inimigo eram os comunistas. Costa e Silva, o segundo ditador chegava a falar em humanização, mas a junta militar tirou o vice que ela mesma tinha imposto e lançou a bomba do AI-5. E veio o temível e autoritário Médici e depois Geisel e o incremento da tortura e dos aparatos de sequestro, morte e crimes de militares. Estava montada a máquina da segurança nacional. E isto foi feito pelos militares e civis linha-dura.

O que nos desnuda o professor Comparato, no prefácio do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos é o seguinte:

"De todo esse drama, podemos e devemos extrair duas conclusões, uma para os mortos e outra para os vivos. Quanto aos que se foram, importa dizer que todos eles morreram no bom combate, pois deram suas vidas pela reumanização da nossa sociedade. O seu sacrifício extremo contribuiu, decisivamente, para pôr a nu o caráter ignominioso do regime militar. Nesse sentido, não devem ser inscritos no rol dos vencidos, mas dos vencedores. Já para todos nós que sobrevivemos e, sobretudo, para os jovens de hoje, a lição a tirar do drama dos combatentes, cuja memória se procura conservar neste Dossiê, é que a atividade política representa a suprema dimensão da vida ética".

 
 
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