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Título: Bittencourt, o Invicto
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 07/04/2014
 

“Se não tem tu, vai tu mesmo.”

Bittencourt era um dos nossos – assim mesmo com dois tês, além do tê mudo no final.

Nem por isso escapava às gozações do Escova que se invocava com os motivos que levaram a bela Leninha a casar com o amigo.

“Na falta de coisa melhor, o Bittencourt foi o primeiro que deu mole e falou em casamento.”

II.

Escova tinha lá seus argumentos,

E, por força da minha sinceridade para com meus amáveis cinco ou seis leitores, devo reconhecer que muitos de nós, os freqüentadores daquele Sujinho, concordavam com o Escova.

O Bita não era de chegar forte na mulherada. Dava uns vacilos legais e colocava defeitos em todas as que se aproximavam.

Há tempos não o víamos com mulher alguma.

Na base do bullying, o apelidamos de ‘Bittencourt, o Invicto’.

III.

O próprio não se incomodava.

“Não sou como vocês, quero uma mulher especial – e estou me guardando para ela.”

Imaginem a vaia que ouvia quando tentava se defender com essa conversa.

Escova era o mais perverso.

“Mas, cara, se você não praticar, vai ficar fora de forma. Quando chegar a princesa que você tanto espera, você não vai dar conta.”

IV.

Acontece que, dia vai, dia vem, Bittencourt chegou com a boa nova (para ele): encontrou a mulher dos seus sonhos e ia casar.

Conhecemos Leninha na cerimônia de casamento – e ficamos encantados com a moça.

Escova foi peremptório.

“Tem alguma coisa errada aí. É muita areia pra caçambinha do Bitta.”

E tascou lá suas conjecturas:

“A mulher tá no desespero.”

“Tomou um fora de algum bonitão – e resolveu apelar.”

“Não dura seis meses.”

V.

Alguém deu um ‘chega’ no Escova:

“Cara, você está se mordendo de tanta inveja.”

VI.

Para encurtar a história que já está longa, o Bitta casou e mudou. Saiu do jornal, montou uma empresa de não-sei-bem-o-quê “para ficar mais perto da mulherzinha adorada”.

Nunca mais o vimos, nem soubemos dele.

VII.

Semana que passou, encontro o Escova todo macambúzio e triste nas proximidades da Estação do Metro, encalacrado no sucedâneo do Sujinho que não mais existe – e que era nosso ponto de encontro, onde o Sacomã torcia o rabo e o Fábrica/Pinheiros rangia e bufava na curva.

Quis saber do amigo o que motivou “a cara de poucos amigos”.

Ele me respondeu seco:

- Encontrei o Bitta...

VIII.

Fiquei preocupado.

- E aí algum problema? Ele está bem de saúde? A mulher o deixou? Faliu a empresa?

- Nada disso, compadre. O homem está que é um touro, muito mais bem cuidado que nós... e cheio de filho.

IX.

– Então qual o problema?

- O problema é que errei feio na previsão.

 
 
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