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Título: O granizo e as lembranças
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 19/05/2014
 

Passei boa parte da minha infância e adolescência no Jardim da Aclimação. Jogávamos futebol no que chamávamos de “Barrancão” (um terreno baldio atrás do campo de futebol). Empinávamos pipa (que paulistamente chamávamos de ‘quadrado’). Andávamos pela mata atrás de passarinhos ou ali nos embrenhávamos como Tom Mix, Roy Rogers, Zorro, Cavaleiro Negro entre outros super-heróis dos gibis da época.

Também apostávamos corrida na alameda que contorna o lago. Lago que, por sinal, era centro de outras tantas brincadeiras. Pescávamos e nadávamos (de olho nos guardas, pois era proibido). Também fazíamos pequenas embarcações com as cascas das árvores e folhas secas que despencavam das árvores a lhes servir de velas.

Ali (e em seus arredores) era ponto de encontro de várias tribos, identificáveis pelo nome da rua onde a molecada morava. Havia a turma da Robertson, da Barroca, da Piaí, da Albino Barbosa e da Muniz de Souza (da qual, este modesto escriba modestamente fazia parte).

Existia uma relação cordial entre as diversas turmas. Vez ou outra, quase sempre motivada pelos rachas que valiam um fictício campeonato que nunca terminou, aconteciam alguns estranhamentos e pau quebrava.

Não era nada tanto assim.

No dia seguinte, lá estávamos todas apostos para novas estripulias.

II.

Lembro esses dias, ao assistir na manhã de hoje, o noticiário da TV falando da pancadassa de granizo que assolou algumas ruas do Bairro e que se tornou, digamos, a atração do dia para moradores e curiosos.

Óbvio que chamou minha atenção o deslumbramento da meninada a correr pra lá e pra cá, a festejar o acontecimento. Houve quem dissesse que os guris estavam se imaginando em uma cidade da Europa.

Achei supimpa a observação. Bem adequada aos novos tempos, de globalização e cousa e lousa e maripo(u)sa.

Fiquei imaginando que ‘brincadeira’ improvisaríamos a partir do que a Moça do Tempo chamou “de raro fenômeno atmosférico”. Sobre a Europa, só sabíamos da sua existência pelo mapa mundi e pelas aulas de geografia do Grupo Escolar Oscar Thompson.

III.

Daríamos um jeito, tenho certeza.

Vale lembrar que não existiam You Tube e videogames. Vivíamos da nossa imaginação. Para quem nas ‘peladas’ se considerava Pelé, Mazzola, Zizinho, Gilmar e outros craques eternos... Para quem via no lago da Aclimação um mar repleto de ‘piratas’ e tubarões... As árvores ao redor formavam a própria Floresta Amazônica... Para quem vivia a fantasiar aventuras e conquistas, convenhamos, não seria tão difícil assim.

Afinal, garotos são garotos, seja qual for a época...

 
 
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