Ok!
Eles venceram.
Não vai ter Copa...
... hoje.
E acredite, se quiser, você aí do outro lado da tela:
Já estou com saudade de ver a bola rolando.
Fico a imaginar como será a vida quando acabar o Mundial.
Dá até para sentir certa nostalgia do que ainda está por vir.
II.
Não sei se me fiz entender.
É que, a partir de agora, das oitavas, do mata-mata, cada batalha em campo trará a marca fugaz – e inevitavelmente dolorida – das coisas que se perderam.
Não há como estancar o amargo da contagem regressiva. Aquela manjada sensação do tempo a escorrer pelos vãos dos dedos invade, machuca e faz com queiramos viver o tal momento mais intensamente. Até a finalíssima em 13 de julho.
Com a presença do Brasil, lógico, tomara...
III.
Leio em algum lugar que a turistada está amando a coisa toda. Inclusive que elegeu o povo como o melhor do Brasil.
Não é pouca coisa, não.
Somos hospitaleiros, gentis, atenciosos – e alegres, muito alegres.
Fazer festa – afirmam os gringos – é com a gente mesmo.
Além do que, citam que o País é lindo, diverso, incrivelmente grande, e surpreendente.
IV.
Claro que nem tudo funcionou perfeitamente.
Problemas, sempre os há.
Mas, nada que – por enquanto – possa toldar o bom andamento do Mundial, dentro ou fora de campo.
Uma mordidinha aqui, uma cotovelada ali, um pênalti malandro para os anfitriões, uma invasãozinha ali e cousa e lousa e mariposa (salve grande e eterno Plínio Marcos de quem ouvi a expressão pela primeira vez).
V.
Aliás, fico a imaginar o que diria Plínio, o Maldito mais amado, o cronista dos becos e das quebradas dos mundaréus, sobre a festa toda que hoje vivemos.
Primeiro, tenho certeza, daria um esporro geral na gastança desenfreada para organização da coisa toda. Baixaria o pau na Fifa, na CBF, nos governantes, na Globo (ele adorava zoar com a Vênus Platinada)...
Não o imagino nos camarotes ou mesmo dentro dos estádios.
Eu o percebo à vontade no meio das muvucas dos telões armados em praças públicas, junto aos desvalidos sem grana para comprar o ingresso.
Talvez o resultado das partidas em si não o interessasse tanto quanto o convívio das pessoas de todos os credos, de todas as cores.
E ali, creio, ele saudaria a celebração de todas as gentes com o pensamento de Tolstói, como gostava de fazer nas noites parvas do Bixiga em tempos idos:
“Canta a tua aldeia, e cantarás o mundo”. |