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Título: Olha o menino...
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 08/11/2014
 

Eu só quero que Deus me ajude
E o menino muito mais também
Pois a rosa é uma flor
A flor é uma rosa
E o menino não é ninguém

(Benjor)

I.

Olha o menino...

Ele mora em frente ao Shopping Higienópolis.

Não é um bem nascido qualquer; mora em uma pequena barraca, sozinho, na calçada em frente a um dos pontos mais luxuosos de São Paulo.

Tem 15 anos; mas, ainda é uma criança, diz a reportagem que leio.

Orgulha-se de ter “toda a coleção do Toy Story”.

Seu mundo está ali – dentro e nos arredores do modesto abrigo de lona.

O repórter é observador – e pondera:

“Não lhe falta nada. Pelo menos, nada que sinta falta”.

No texto, dá a entender que, mesmo em um bairro de bacanas (que lamentaram a provável construção de uma estação de metrô, pois deixaria o lugar muito popular), o menino conta com a solidariedade dos moradores.

Só naquele dia, que o jornalista o encontrou, o garoto almoçara três vezes (comida que as pessoas lhe trouxeram) e, a barraca, ele ganhou de um rapaz que desceu de uma BMW em uma tarde de chuva.

II.

O menino é de uma pequena cidade no Interior do Estado do Rio de Janeiro (Cachoeira do Macuco) e é a terceira vez que foge para a metrópole paulistana. Chegou a morar em uma árvore, também nas imediações do shopping. Mas, a mãe descobriu seu paradeiro e veio buscá-lo.

Foi em agosto passado.

III.

Não demorou, e logo o garoto voltou.

Pegou carona em um caminhão de tomates – e agora está feliz que só.

Olha o movimento, dá bom-dia e boa-noite às pessoas que (surpresa!) lhe respondem, mexe e remexe seus brinquedos, e assim vai levando como se estivesse no comando de tudo e de todos.

Imagina-se em um mundo encantado.

Seria ele um anjo torto, mensageiro da paz nesses dias de intolerância e desalento?

IV.

Talvez tenha algo a nos ensinar.

Talvez seja apenas um menino travesso, e sonhador.

O cronista não tem qualquer resposta. Mas, lembra outro verso bem bonito da canção de Benjor, diz adeus e vai embora:

“Há seis mil anos o homem vive feliz fazendo guerra e asneiras
Há seis mil anos Deus perde tempo fazendo flores e estrelas”

*A partir da reportagem Meu Mundo Na Barraca, de Emílio Sant’anna, na Folha de S.Paulo, de quarta, dia 5.

 
 
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