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Título: O desalento, a menina e o tempo
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 04/02/2015
 

Graça Foster é a culpada de todos os males que vivemos.

Antes, era o Mantega.

Lá “pratrazmente”, como diria Odorico Paraguaçu, foi Maluf, ACM, Collor... E lamentavelmente tantos outros.

O Brasil e os brasileiros, não sei se por dolo ou ingenuidade mesmo, acham que se mudar uma ou duas peças do tabuleiro tudo se resolve.

Não que esse pessoal não tenha lá culpa no cartório. E que não tenhamos que ser críticos e contundentes com eles, Mas, por Santo Aécio, protetor dos aeroportos caseiros, convenhamos: há muito, mas muito mesmo a ser feito, para que se construa uma Nação contemporânea, justa e solidária.

Quem rastrear as redes sociais – ou mesmo as conversas de botequim – vai perceber nitidamente o ranço de retrocesso solto nos comentários e nas palavras batucadas nos teclados das engenhocas e ditas ao vento.

Não é assim, com esse extremismo exacerbado, que vamos construir algo de bom.

Para nós, parece que tudo se resume a um FlaxFlu, a um Palmeiras e Corinthians.

Lamentavelmente.

II.

Volto para casa a ruminar os acontecimentos do dia e um indisfarçável desalento com tudo que ouço e vejo pela aí. Para ajudar, enfrento uma pequena espera à frente da garagem do prédio, onde moro. O senhor do vigésimo primeiro, a moça do oitavo andar e eu chegamos quase ao mesmo tempo.

Eu os identifico quando descemos dos veículos e rumamos para área do elevador.

Ela é a primeira a chegar e, gentil, aguarda que os ‘velhinhos’ se aproximem para que os três subam juntos.

Não há conversa, apenas os cumprimentos de praxe e breves sorrisos, quase lenitivos para quem está prestes a dar fim à lida diária – e, baqueados, voltam para o lar doce lar.

Quase onze da noite.

Corre daqui, pega dali, eu, por exemplo, não vi o dia passar – e estou um bagaço.

Curiosa coincidência: os três conferiram o visor do celular antes de desligar o aparelho.

Rimos da espontaneidade do gesto.

III.

Ela foi a primeira a descer.

Despede-se educada e simpaticamente.

Mal o elevador se põe em movimento, o senhor do 21 resolve comentar:

- Nossa, até ontem era uma menina! Lembro-me dela brincando no playground. Já está uma moça. E olha que dirige bem.

Também estou surpreso com a constatação do feérico correr dos dias que, sinceramente, nem vi passar. Quanto tempo moro nesse prédio?

Dez, quinze anos?

Ou mais?

- O tempo passa, ouço meu companheiro de viagem dizer, algo resignado.

- O tempo é implacável, acrescento, aprofundando ainda mais o meu desalento e o cansaço com mais um dia que se foi.

 
 
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