HOME BLOG CONTATO INDIQUE ESTE SITE
 
Área:
BLOG | ver comentários |
Título: O fantasista
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 13/03/2015
 

Dia sim, e outro também, chegavam juntos ao estacionamento da empresa em que trabalhavam (e ainda trabalham).

Bernardo notou a coincidência – e também o quanto a moça era jeitosa.

Sabia vagamente o nome dela – Talita. Já haviam se encontrado em algumas reuniões, trocado cumprimentos pelos corredores, mas conhecer, conhecer, não se conheciam.

II.

Bernardo começou a gostar da brincadeira.

Tanto que a primeira coisa que fazia ao passar pelo controle de acesso à grande praça do estacionamento era procurar pelo carro dela.

Quando não o encontrava, pacientemente aguardava que chegasse. Para deliciar-se ao vê-la descer, trancar o veículo, e descer rumo ao prédio em que trabalhava, equilibrando-se no salto, mas sempre elegante, sempre bela.

Só depois ia tratar da vida, e dar início ao expediente do dia.

Trabalhavam em prédios distintos. Por isso - e porque no fundo, no fundo, era um tímido - nem lhe passava pela cabeça forçar uma aproximação.

Sabe-se lá o que ela pensaria, como reagiria.

III.

Para ser sincero, (in)certa manhã, teve o impulso e foi acompanhá-la.

Teve uma boa e uma má notícia.

A boa:

Ela não usava mais o anel de compromisso na mão direita.

(Nem na esquerda, ufa!)

A ruim:

Tudo o que conseguiu foi um “olá”, acompanhado de um punhado de indiferença, caracterizado pelo passo mais apressado que aumentou a distância entre os dois.

IV.

Agora, preferia continuar assim.

Ele a acompanharia anônima e discretamente todos as manhã (exceto sábados e domingos, claro) e já se sentiria feliz só pelo deleite de vê-la passar.

Leu, não sabe bem onde, que amar é verbo intransitivo.

Era um romântico. Um sensível.

Bernardo, o fantasista.

V.

Fantasista?

Pois, sim...

Todas essas lembranças povoavam a imaginação de Bernardo enquanto uma luz avermelhada invadia o quarto pelas frestas da janela. Iluminava o corpo nu de Talita, ao seu lado, a dormir o sonho das musas, das bem-amadas.

Seria um lindo dia. Que tardou, mas chegou...

 
 
COMENTÁRIOS | cadastrar comentário |
 
 
© 2003 .. 2024 - Rodolfo Martino - Todos os direitos reservados - Desenvolvido por Sicca Soluções.
Auto-biografia
 
 
 
BUSCA PELO SITE