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Título: A trégua
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 03/04/2015
 

Escolho ficar em São Paulo a viajar nesse feriadão.

Talvez não seja exatamente uma escolha – e, sim, uma necessidade.

Repararam como o mundo anda ‘virado’ – e a gente no meio desse ‘vira’ acaba ‘virando’ ou se ‘deixando virar’ também.

É inevitável.

As notícias, que lá nos idos tempos do reinado do jornal impresso, nos impactavam com a tragédia do ontem só na manhã do dia seguinte, hoje nos atropelam e massacram em tempo real; muitas vezes, via visor do celular.

II.

Nos antigamente, tínhamos lá certo tempo para ‘ruminar’ o fato, tentar entendê-lo e melhor assimilá-lo.

Ler pela manhã o jornal do dia era um ritual.

As discussões que se seguiam, via de regra, vinham eivadas de um mínimo de entendimento e – acreditem! – análise.

Hoje, as coisas são diferentes, abruptas.

III.

Ontem tivemos um dia triste, especialmente assim.

A morte de Thomaz, o filho do governador, na queda de um helicóptero, as explosões e o incêndio de um tanque de combustível nas imediações do porto de Santos, as quatro mortes por balas perdidas e os confrontos sem fim no morro do Alemão (Rio de Janeiro), o ataque contra cristãos (147 mortos) em uma faculdade no Quênia, sem falar de outras tragédias cotidianas... Tudo nos parece chegar ao mesmo tempo e agora, sem pedir licença, sem pedir passagem.

É devastador para qualquer cidadão minimamente comprometido com o bem comum e a construção de um mundo melhor.

Toda e qualquer análise que se tente fazer, toda e qualquer compreensão que se imagina ter sobre o fato, mostram-se (análise e compreensão) precipitadas e nulas.

Beiramos o descontrole ou já estamos nele?

IV.

Um amigo, o Poeta, dia desses, em meio a uma roda de camaradas, fez o alerta:

-- Vivemos uma era de sombras.

Estávamos assistindo ao jogo do Corinthians e no entusiasmo da Fiel no Itaquerão, desprezamos as recomendações do amigo. Houve quem o taxasse de sãopaulino.

No entanto, cá nos vemos a desfiar tamanhas vicissitudes como práticas diárias a nos desesperançar.

Outro poeta, este dos melhores que houve e há, Carlos Drummond de Andrade, escreveu que “a vida, por vezes, precisa de uma pausa”.

V.

Longe de este modesto escriba cometer qualquer heresia, mas talvez fosse o caso de atualizarmos a assertiva:

“A humanidade precisa, urgentemente, de uma trégua”.

Eu completaria:

Para se reinventar, resgatar virtudes como solidariedade, tolerância, bom senso, equilíbrio, justiça social e, assim, ver a paz renascer no coração de cada um de nós.

Que este dia santificado (pela Paixão e Morte de Cristo) conforte a família das vítimas, nos conforte também e inspire a todos a busca de um mundo mais fraterno.

 
 
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