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Título: Antonico, Arnesto e o Crides
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 15/06/2015
 

O Antonico e o Arnesto são dois personagens instigantes que saíram da vida real (e do anonimato) para se espalhar pelo imaginário da nossa gente e das páginas do nosso cancioneiro popular.

O Antonico ganha vida no samba dolente de Ismael Silva que ganhou versões encantadoras nas vozes de intérpretes como Gal Costa, Martinho da Vila, Elza Soares nos anos 70 e 80, mas a gravação original é de Alcides Gerardi, em 1950.

Nunca se confirmou de fato a existência do tal Antonico.

Há, porém, uma versão de que Ismael se ‘inspirara’ em um bilhete endereçado a Luís Simões Lopes, secretário do presidente Getúlio Vargas, que intercedesse por um sambista (o próprio Ismael, talvez, que acabara de sair da cadeia), pois o mesmo “estava vivendo grande dificuldade”. Lopes gostava de frequentar as rodas boêmias do Rio de Janeiro na década de 40, era próximo da rapaziada e o recado enfatizava: “faça por ele como se fosse por mim”.

Quem conhece a letra do samba, percebe claramente a coincidência das frases e dos versos.

II.

Arnesto é mais popular, digamos assim.

“O Arnesto nos convidou
Prum samba
Ele mora no Brás
Nós fumo
Não encontramos ninguém”

Também da década de 50, a criação do inesquecível Adoniran Barbosa era o lado B do 78 rotações que tinha “Saudosa Maloca” como faixa principal.

No samba, o grande pecado de Arnesto foi não ter “ponhado um recado na porta”.

Na vida real, Arnesto era o advogado Ernesto Paulelli que morreu em março de 2014, aos 99 anos.

Adoniran fez o samba e imortalizou o amigo dos tempos da Mooca e dos primórdios da Rádio Bandeirantes.

III.

Soube na semana passada da existência de um terceiro elemento nessa leva: o Crides, aquele do bordão que o saudoso comediante Ronald Golias consagrou nos tempos da primeira Praça da Alegria.

Euclides Gomes dos Santos morreu no domingo (dia 7), aos 88 anos, em São Carlos, cidade onde nasceu e viveu. Ele era amigo de infância e de peraltices de Golias.

Aliás, o apelido (que virou bordão) vem dessa época. Foi dado pela própria mãe de Euclides que o chamava dessa forma toda vez que queria que o garoto voltasse para casa.

Golias gostava de improvisar em cena. Ele contou que, certa vez, quando entrou no palco, resolveu imitar a mãe do amigo e logo em seguida engatar uma breve piada. Aconteceu espontaneamente e a repercussão foi imediata.

Aí, ele adotou a fala como abertura em sua participação do programa.

Em 85, os roqueiros do Titãs resolveram homenagear Golias e incluíram o bordão nos versos da canção “Televisão”.

“Ô Crides fala pra mãe
Tudo o que a antena captar
Meu coração captura
Vê se me entende
Pelo menos uma vez criatura”

 
 
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