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Título: Duas coisas e as porteiras da vida
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 16/09/2015
 

Aprendi duas coisas neste meu diário blogar:

1 – quando você escreve sobre uma história de amor, a repercussão maior se dá junto ao público feminino. De alguma forma, ou elas se identificam com a narrativa ou se acomodam pelos arredores do texto, e querem palpitar...

2 – quando você escreve sobre futebol (e tenho evitado o mais que posso isso, pois o que há de gente cascateando sobre o assunto não está escrito), quem se manifesta é a rapaziada. Todo marmanjo brazuca que se preze tem opinião formada sobre o que acontece no Planeta Bola...

Ontem fui escrever sobre o tema a propósito de algumas lembranças que me ocorreram dos tempos em que era o associado número 651 da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo e, lá pelas tantas da noite de ontem, sou convocado a dar explicações sobre o que escrevi ao atento ombudsman deste Blog, o amigo Escova.

Ao telefone, sua voz tinha um tom professoral ao me cobrar o que, segundo ele, fiquei devendo aos meus incautos cinco ou seis leitores – entre os quais, ele se inclui.

- Meu considerado, você deixou algumas questões em aberto. Até parece que você se esqueceu do imprescindível compromisso jornalístico...

Quase onze da noite, estava assistindo o Cartão Verde (que demorou a falar do Palmeiras e, quando falou, foram exatos dois minutos e logo se puseram a discutir o Flamengo, fico pê da vida quando fazem isso) e agora precisava dar satisfação ao Escova, que é meu amigo, mas é abusado pra caramba.

Bronqueei, em vão:

- Do que você está falando, cara? Blog é blog, não é necessariamente jornalismo – tentei me esquivar.

- Nada disso, respondeu ele, impávido. – Quando alguém lê algo de um jornalismo, seja um bilhete, um email, um whats, ele parte do princípio de que lê um texto jornalístico. E como você bem sabe, ou já esqueceu?, quando damos uma informação precisamos completá-la.

Desisti de discutir, e fui direto ao assunto para me livrar o mais rapidamente daquele constrangimento:

- Por exemplo?

- Ora, vai dizer que não o percebeu?

E eu, monossilábico:

- Não.

- Ora você começa o texto dizendo que o Nasci lhe dizia para se dedicar exclusivamente ao jornalismo esportivo...

- E?

- E daí que você se esquece de nos dizer, nós, os distintos leitores, aquém deve satisfação, o porquê não seguiu os conselhos do nosso mestre e guru, o Nasci.

Só então me dei conta de que, assim como aquelas vãs conferências que a gente faz no extrato da nossa conta para ver se o banco errou e nos tirou algo mais do que devia, e isso nunca acontece, o Escova estava certo.

Mesmo assim tentei me justificar.

- Ficou implícito no texto que gostava mais de escrever sobre outros assuntos e tal. Música popular brasileira, por exemplo. Quebrava o galho quando dava e era preciso – e me interessava circunstancialmente. Mas, embora o grande Nasci achasse que eu levava jeito, não era minha prioridade.

- Me engana que eu gosto, brincou o Escova. – Você era e é palmeirense demais para ser imparcial e desistiu do jornalismo esportivo para ser torcedor. Concorda?

- Talvez. Pode ser, eu disse. – Nunca havia pensado no assunto. E sinceramente não sei o que lhe dizer. Não temos controle sobre as porteiras que se abrem e as que se fecham vida afora.

“Os passos fazem o caminho”, adoro essa frase.

De que adianta pensar nisso agora, ponderei.

- Achei que seus leitores – poucos, mais fiéis – deveriam saber. Na essência, meu caro, você é um cronista de jornal sem jornal, como gosta de dizer. Então... Se cuida, e vê lá o que escreve, por que, ó, estou atento...

 
 
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