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Título: Em nome do papa e de Quintana
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 12/05/2016
 

Pensei em escrever sobre a participação calhorda da Imprensa (com raras exceções, óbvio) no Golpe que acaba de ser perpetrado na democracia brasileira. Tenra, frágil e, agora, também dissimulada por impostores que chegam à Presidência.

Triste espetáculo.

No entanto, acato o bom conselho do papa Francisco aos brasileiros e embarco na linha do “diálogo”, da “harmonia” e da “paz” neste momento tão conturbado, triste.

Desconfio que eu e os da minha geração não verão tão cedo reconstruído o estado de direito que acaba de ser estilhaçado com a farsa do impeachment de Dilma.

Enfim...

Nenhuma novidade no que escrevi até aqui. Aliás, esta vem sendo minha cantilena desde que eclodiram “as notáveis intenções” de Caiado, Bolsonaro, Berlusconi Skaf e Cia.

II.

Vamos lá...

Diálogo, harmonia e paz, Rodolfo. Coragem.

Movido pela proposta papal, eu perdoo aquele respeitável senhor que surpreendi em pleno almoço, imagino, familiar a propor o assassinato de Lula e Dilma como solução para todos os nossos males.

Reparem no detalhe. Ninguém à mesa reagiu à fala.

Mas, mesmo à distância, percebi que muitos dos comensais concordavam com a manifestação.

Faz algum tempo, foi em um renomado restaurante da metrópole.

Mas, em nome do papa Francisco, eu o perdoo e a todos. Até porque sequer os conheço.

Vida que segue. Foi só uma bravata momentânea.

III.

Acorro a um amigo próximo, tucano juramentado, que “odeia”, palavra dele, o Lula, a Dilma e toda a corja dos petralhas.

Pergunto.

Por que tanto rancor nesse coraçãozinho abençoado?

- Não sei. Não gosto. Odeio os caras, o discurso, a voz, eles roubaram o País...

Percebi que a harmonia aqui passa longe.

Beleza, tento fechar o assunto.

Mas ele faz questão de ampliar o espectro da argumentação:

- Sabe o que é? É que estudei nos Estados Unidos e lá...

E lá elegeram o Bush e agora querem o Donald Trump, quase retruquei, mas...

IV.

Diálogo, harmonia e paz. O mote que o generoso Francisco nos passou.

Tentei o diálogo, a harmonia... adotemos a paz.

Finjo que recebi um zap no celular e me afasto apressado, como se tivesse que atender a um grave chamado.

Paz, irmão, paz.

V.

Peço a devida vênia ao papa, e recorro então ao poeta Mário Quintana para serenar meu coração.

“A todos aqueles que aí estão
Atravancando meu caminho.
Eles passarão...
Eu, passarinho!”

VI.

“Poeminha do Contra”, Quintana o escreveu como resposta às três vãs tentativas que fez de entrar para a Academia Brasileira de Letras.

Perdeu todas, injustamente. Chegaram a escolher um ex-ministro do general/presidente/ditador João Figueiredo para o seu lugar.

Lavou a alma, com lirismo – e se fez “imortal” pela dimensão da sua obra.

Hoje, o Sarney e até o FHC, aquele, usam o fardão da ABL.

VII.

Estão vendo?

O Brasil é um país de injustiças.

Se não fosse assim, não teríamos o poema.

E eu não saberia, tão suavemente, como encerrar o texto.

 
 
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