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Título: Crise de dolor lombar
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 19/09/2016
 

Fiquei dois dias de molho – e nada escrevi.

Perdoem a ausência.

É que uma velha conhecida minha me visitou inesperadamente.

Quase sempre é assim que faz a Senhora Dor nas Costas.

Aí, meus caros cinco ou seis leitores, é um Deus me acuda quando ela chega.

Não há jeito de me deixar. Seja na cama, no sofá, em pé ou até mesmo deitado no chão duro. Me acompanha em todos os momentos, em todos os segundos.

Passo seguinte: um entupir-se de relaxante muscular. E banho quente. E compressa e, sem pressa, pois assim é que é, esperar que a bendita se vá. Lenta e vagarosamente.

II.

“É veieira” – dizem os amigos em tom de deboche.

Imaginem se fossem inimigos?

Como me tratariam?

Tento comovê-los e historiar essa delicada convivência. Mas, desconfio que nem a mim engano.

Começou aos 18 anos após uma partida de futebol na várzea da Vila Mariana.

Sábado à tarde, chovia. Campo enlameado. Bola das antigas, pesada que só. Alguém cobrou o escanteio e eu, sabe nada o inocente, subi para cabecear. Foi como se aparasse na testa um meteoro.

III.

No dia seguinte, não consegui sair da cama.

Travei. Doía tudo.

O pai chamou o Dr. Sérgio, médico da família, que diagnosticou “reumatismo” e pediu que fizesse uma série de exames.

Fiz.

Não deu nada.

Uma semana depois, estava em campo de novo.

Nada sentia.

Era jovem e inconsequente.

IV.

Ao longo desses 40 e tantos anos, já travei inúmeras vezes. Os períodos eram mais espaçados. Uma vez quando tentei dar um salto nas escadarias da ECA/Usp onde estudava. Outra dentro de um ônibus: estava de pé e o ‘bichão’ fez uma curva a oitocentos por hora. A mais complicada foi em uma viagem ao Chile que me deixou três dias no hospital de Porto Vara.

Ali, ouvi as sábias palavras de um médico italiano que se exilara naquele fim de mundo:

- Crise de ‘dolor’ lombar. Se você não para, a vida para você.

V.

Ou seja, doloridas lembranças não me faltam.

Na sexta agora, tentava tirar o sapato sem me abaixar. Com a ponta do pé direito, tentei descalçar a botina do pé esquerdo. Forcei – e foi o suficiente.

Que dor danada!

Só na manhã desta segunda, saí da cama. Um pouquinho melhor.

Desconfio que os amigos tenham mesmo razão:

É veieira!

 
 
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