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Título: Brevíssimas
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 26/09/2006
 

assim...
entre um pensamento e outro...
entre um email e outro...
entre um texto e outro...
entre um café e outro...
(cigarro, não porque não fumo)
entre um chato e outro (porque existem
e são tantos e quase sempre nos encontram)...
entre um filme e outro...
entre uma música e outra (ou mesmo durante
porque música é o que há)...
depois de sorrir por nada...
de suspirar por tudo...
quando se está ao volante do carro...
na esteira da academia e o batimento sobe...
ao olhar a chuva sobre a cidade (como agora)...
ao ler a notícia no jornal e fazer o comentário
em voz alta (cadê vc pra ouvir?)...
por sobre todos os riscos...
principalmente quando se está
em silêncio e não se entende
e mesmo assim se quer...
e quer...
mesmo distante e inexplicável...
assim..
se quer e quer...
mesmo assim...
assim...

II.

oi ...

achei na minha carteira um pequeno papel, no qual estava escrito:

" em resposta ao seu e-mail existencial, sei que muito pouco posso
esclarecer... digo-lhe, porém, cara amiga, que um homem só é capaz
de revelar sua alma quando ama... no entanto, nunca é demais lembrar
que amar é verbo intransitivo... e o único complemento que vem depois dele é
a imensa e definitiva saudade das coisas que se perderam."

quando li este e-mail morri de vontade beijar vc... naquele dia e
hoje...

III.

“lá fora está chovendo, mas
assim mesmo eu vou correndo
só pra ver o meu amor...”

oito meses distantes...
saudades por todos os poros...
enfim, se reencontrariam...

chovia...

cena de cinema no aeroporto
de madri...
desceu do avião,
ofegante, afobado... mostrou
o passaporte, correu ao encontro
da amada... esqueceu a mala
na esteira... como sua cabeça,
girando, girando, girando...

“e a gente no meio da rua
e o mundo no meio da chuva...
a girar...”

dois gelados dias depois.,
recuperou os pertences...
em zurick...
deu um trabalhão... mas,
nunca foi tão feliz...

que maravilha...

"nós somos todas as canções..." - concluiu.

IV.

estava decidida...

daria um fim naquela história
que se arrastava há anos...
foi o que fez... durante o trajeto,
mal conversaram... ele pressentia
o fim... parou o carro para
conversar... viu que
ela estava irredutível, mas tentava
contemporizar, ser gentil...

"olha, entende, sou muito jovem...
preciso conhecer outras pessoas...
ser mais vivida... só namorei você...
dá pra entender, né...?"

não teve sequer tempo
de responder... (justo naquele
dia ele a levaria em casa, coisa
que nunca fez...) ela desceu
rápido e tomou o primeiro
ônibus que passou...

estava aliviada e algo
arrependida... enxugou
as lágrimas e desceu com passos
firmes, sólidos de mulher
que sabe o que quer...
e não adia decisões...

no ponto final, surpresa...
ele a esperava... com uma
proposta irresistível...

-- posso ser seu segundo
namorado?

[Texto publicado no livro “Volteios - Crônicas, lembranças e devaneios"]

 
 
COMENTÁRIOS | cadastrar comentário |
 
Autor: Analy Cristofani Data: 20/10/2006
Simplesmente lindíssimas...
 
Autor: Julyana Voltareli Rosa Data: 28/09/2006
Olá!
Adorei o texto. Melhor, o sentido e a lembrança que me traz. Tive uma experiência semelhante a qual relatas. Quase chorei ao ler os últimos parágrafos. Já tive alguém nesses meus vinte e poucos anos que me propôs o mesmo. Que por causa da idade seria meu segundo namorado. Não por eu querer conhecer outras pessoas, mas pela imposição da sociedade e de meus entes queridos. Lutei muito por esse amor 30 anos mais maduro. Fugi da escola, de casa e da minha vida. Entreguei tudo a um sagitariano que me fez muito, muito feliz e me mostrou o mundo. Fui forte durante seis anos. Desde os quinze, quando as meninas da minha idade se enfeitavam para ir a escola e eu que nunca fui de usar maquiagem, maquinava em como contar para todos o que sentia.
Obrigada por trazer este tipo de relato para as minhas madrugadas de internet.
Parabéns pelo site e Blog!
 
 
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