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Título: Rumos
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 06/02/2017
 

Preocupa-me os rumos do jornalismo.

Por isso, o post de ontem. Claramente inspirado na leitura das divagações de Honoré de Balzac sobre o tema ainda no século 19.

Não é uma leitura digestiva – eu diria. Especialmente para velhos repórteres, como eu, não se torna nada agradável constatar que a roda deste mundão de Meu Deus gira e gira – e nada parece mudar.

Enfim...

“É da vida e dos amores” – como dizíamos na Velha Redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor. Naquele tempo, o amigo Escova gostava de ressaltar que éramos da vida e dos amores...

Onde anda você, Escova?

Ganhou o mundo depois que o Brasil degringolou na paranoia – e raramente dá notícia.

“Fiz um pezinho de meia modesto e vou torrar neste restinho de vida que tenho. ”

(...)

Deixemos o Escova no bem-bom e retomemos ao assunto que aqui me trouxe.

Hoje quero destacar uma reportagem que ontem (ou foi antes de ontem?) assisti na Globo.

Foi no Antena Paulista que trouxe, a propósito não sei de qual tema, o perfil de um engraxate da Praça da Sé.

O que me tocou desta história, vou tentar resumir a seguir.

(...)

Trata-se de um homem simples, de feições rudes. Mora na periferia paulistana. Com a mulher e os três filhos ainda crianças, num cômodo e cozinha, bem humilde.

A reportagem mostra o dia a dia deste paulistano, marcado pela pobreza, dignificado pela determinação:

Às 5 da matina já está de pé. Usa duas conduções para chegar à Praça da Sé, onde trabalha há mais de 20 anos. Todos ali o conhecem e, de alguma forma, admiram sua labuta.

Mal dá para o sustento da família.

Mesmo assim, ele separa um troquinho para fazer uma fezinha na mega sena.

“Um dia, ainda eu tiro a sorte grande! ”

(...)

Para tanto, usa uma insólita estratégia de autoria própria.

Enquanto está no ônibus a caminho do trabalho (ou de volta para casa), anota aleatoriamente uma sequência de números. Assim enche folhas e folhas de um antigo caderno.

Depois na casa lotérica, escolhe uma delas e...

Quem sabe? Talvez. Por que não?

“Um dia, ainda eu tiro a sorte grande! ”

(...)

Acompanho a reportagem e fico a imaginar o quanto de sonhos, fé e esperança movem brasileiros como este senhor, o nosso personagem.

O País vive envolto em tristezas e mazelas.

Mesmo assim, pessoas como ele ousam vislumbrar um futuro melhor.

Ouço tantas lamentações ao meu redor – de pessoas que, diria, têm tudo para batalhar mais e choramingar menos. Me incluo no rol destes, e faço aqui o mea culpa.

(...)

“O brasileiro tem vocação para ser feliz” – ouvi a frase tantas vezes e só agora me dou conta do tanto de contrariedades que se enfrenta a cada nova manhã.

Talvez seja esta a grande riqueza deste povo que ainda não se assenhoreou da própria História.

Mas que continua na busca...

Gosto quando o jornalismo se aproxima desse povo...

 
 
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