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Título: Outras palavras
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 17/05/2017
 

Eram próximos, bem próximos. Mas, não tão próximos o quanto ele gostaria.

Por uns tempos, andaram assim. Viam-se com frequência, riam por bobagens, lembravam esta ou aquela canção. E falavam por falar de um futuro que parecia ser exótico e nunca chegaria.

A vida tem suas nuances, seus mistérios e desígnios. E sem lá grandes explicações, causas ou desavença, acabou por separá-los sem que se concretizasse a provável promessa do que seria – e não foi.

Acabaram por se perder no risque e rabisque da existência. Torto e sem rumo.

Um tantim parecido com ele, e com ela.

São o que são, e não douram a pílula.

II.

Roda que que gira, mundo que roda, hora e outra se trombam e engatam um conversê – quase um cantar - tão genérico e superficial que não parecem ser eles mesmos, mas seres bem parecidos com ambos.

Representam personagens algo diversos. Indiferentes um ao outro.

Ele diz que a vida continua ‘uma correria só’. Que faz isso, aquilo e aquil’outro. Além do que, há um tantão de projetos pra tocar que... nossa... ufa... nem lhe conto.

Ela dá o troco. Evasiva, diz que vive um grande amor. Finalmente, encontrou a pessoa certa. Nunca havia conjecturado a possibilidade, mas agora “olha, está pensando até em juntar os trapinhos”.

III.

E riem e fingem estar se divertindo pra valer com o muito ou pouco que lhes acontece.

Depois seguem, cada qual o seu caminho. Dar conta da rotina que lhes cabe e que, como toda rotina, é bem igual e, muitas vezes, sem sentido.

Por algum tempo, ele continua a pensar nela.

- Talvez tenha sido a minha derradeira chance de ser feliz.

- Como assim? – eu lhe pergunto com o espanto natural de interlocutor que nada entende das sinuosidades dos amores que deveriam ser e não são.

Digo e insisto:

- E ela?

- Ela? Sinceramente penso que tem a mesma insegurança que eu. É bem estranho mesmo. Um perder e se achar que dá medo...

- Que conversa maluca! E você me fala isso sorrindo. Como assim? Não consigo entender sua lógica.

Ele me responde, de forma conclusiva, inspirado nos versos de Caetano:

- Também nada sei. Em outras palavras, amigão, eu sou muito romântico.

 
 
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