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Título: Sentimento coletivo
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 03/08/2017
 

“Êêêê... Cambada! Corja! Malta!”

Lembro a expressão de indignação do vô Carlito toda vez que via algo errado. De muito errado. Seus xingamentos eram sempre no coletivo.

Diante da TV, vendo a sessão do Congresso que mandou pro chapéu a denúncia contra o Ilegítimo presidente, fico a imaginar como definir a atuação dos parlamentares, diante do microfone do Plenário.

II.

“Facínoras!”

A fala agora que me vem à mente é a do xerifão dos filmes de cowboy que marcaram minha infância e adolescência.

Na trama, o ‘mocinho’ era verdadeiramente ‘mocinho’ e o ‘bandidão’ se dava mal no final.

(Acho que hoje não é exatamente assim...)

III.

“Filhos da... ****”.

E o palavrão ressoaria pelos ladrilhos brancos das paredes do Bar do Arlindo, dito pelo próprio dono enquanto singelamente prepararia um conhaque duplo para si e quem mais se dispusesse a acompanha-lo no brinde ao país que um dia sonhou ter um futuro promissor. Para todos os brasileiros.

IV.

“Tem jeito não. Nem Jesus salva”.

É a vez da moça evangélica de trança cumprida e saia, idem, manifestar-se. Bíblia na mão, a caminho da igreja onde professa sua fé numa vida melhor.

V.

“Picaretas! ”

Exalta-se o motorista do Uber que me resgata em frente à universidade e me leva de volta pra casa, ouvidos atentos ao andar da votação no rádio do carro.

VI.

“Isto é uma vergonha! ”

Imagino que assim terminará o comentário do jornalista Bóris Casoy, se soubesse por onde anda o primeiro âncora da TV brasileira.

VII.

“A maior ameaça ao presente e ao futuro do Brasil está em Brasília, tem palácios, torres, cúpulas - e muito roubo” – escreve hoje, na Folha de S. Paulo, o jornalista Jânio de Freitas.

VIII.

Como sou um homem simples, do Cambuci, que nada sei da vida (apenas que ela é uma só e passa rápido que a gente nem sente), desligo a TV e tento me consolar cantando aquele refrão que o saudoso Bezerra da Silva consagrou – e é a trilha sonora dos nossos tristes dias:

“Se gritar pega ladrão...
Não fica um, meu irmão”

 
 
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