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Título: Leia esta canção 8
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 06/02/2007
 

Demorei, mas cheguei com os 'nicks'
que o nosso site/blog estampou nos meses
de dezembro e janeiro.

Como sabem, são versos de canções
que insinuam, falam, revelam um pouco
-- ou muito -- de cada um de nós.

Vamos aos tais:

I.

“Eu sei de tudo na ferida
viva do meu coração“

O cearense Antônio Carlos Gomes BELCHIOR Fontenelle Fernandes foi talvez o mais representativo nome da chamada geração pós-tropicalismo, que tomou para si o destino da MPB na década de 70. Nomes como Ivan Lins, Alceu Valença, Raul Seixas, Ednardo, Luiz Melodia, Walter Franco, Gonzaguinha, João Bosco, Djavan e o próprio Belchior enfrentaram os anos sombrios da ditadura com versos corajosos e libertários. Tentavam levar às pessoas – aos jovens, especialmente – uma consciência do tempo que atravessávamos. De enfrentamento, sim, mas sem jamais perder a ternura.

Os versos acima pertencem à canção “Como Nossos Pais”, gravada originalmente por Elis Regina. Falam de um amor desconcertante – “Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida. Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais” -, mas principalmente põe a nu a indignação diante de um tempo nebuloso e da mudança que se anunciava,
mas tardava a chegar.

“Minha dor é perceber,
que apesar de tudo
que fizemos, ainda somos
os mesmos e vivemos
como nossos pais”

II.

“E lá, do outro lado do céu,
alguém derrama no papel
novos poemas de amor”

Os versos são da canção “Cheio de Vazio”, de Moska – ex-Paulinho Moska. Não deixam dúvidas sobre a inevitabilidade do amor. Que acontece e desacontece (?) todos os dias, a qualquer momento, em qualquer parte do mundo. E sobre o qual nós, pobres mortais, não temos controle. Mas, que se renova e perpetua “em novos poemas de amor”.

Moska é egresso do rock dos anos 80. Mas, hoje compõe, ao lado de Zeca Baleiro, Lenine e outros raros nomes, o que poderíamos chamar de núcleo de resistência da MPB. Esclareça-se, porém, resistência à ditadura dos modismos e vulgaridades que toma conta da mídia brasileira, inapelavelmente.

Uma dica. Vale a pena conferir o programa ‘Zumbido’, que Moska comanda semanalmente no Canal Brasil. Quinta, às 22 horas.

III.

“Ano passado, eu morri.
Mas, esse ano, eu não morro”

Outro verso lancinante de Belchior. O título é instigante: “Sujeito de Sorte”. A letra, como um todo, reverbera o inconformismo dos anos 70 e a coragem para se manter vivo, “são e salvo e forte”, apesar das traições e deslealdades.

Confiram:

“Presentemente eu posso me
considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço
me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado Deus
é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso
sofrer no ano passado

Tenho sangrado demais,
tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
mas esse ano eu não morro".

IV.

“Enquanto esquece de mim,
lembra da canção”

“Chuva de Prata” foi um dos grandes hits românticos da década de 80, na voz de Gal Costa. Marcou a passagem da “diva da MPB” para um repertório mais pop, com trânsito tanto nas emissoras FM como AM.

Seus autores, Ed Wilson e Ronaldo Bastos, não figuram no primeiro time do showbiz nativo. Mas, são nomes que passaram por diversos movimentos musicais. Bastos é letrista e fez parte do Clube da Esquina. Foi parceiro de Milton Nascimento, Lulu Santos, Edu Lobo, entre outros. O falecido Ed Wilson começou na Jovem Guarda (“Era o Ed Wilson/que acabava de chegar/Ei, ei.../Que onda/Que festa de arromba!”) e era irmão do líder do grupo Renato e seus Blue Caps. "Chuva de Prata" é sua música de maior sucesso, e começa assim:

"Se tem luar no céu,
Retira o véu e faz chover
Sobre o nosso amor..."

Lembram?

 
 
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