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Título: Escrever, escrever, escrever
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 01/05/2007
 

Hoje me dei folga – afinal, é Dia do Trabalho.

A partir de amanhã, estarei de volta à abençoada lida que irá se resumir nos próximos meses ao dia-a-dia da coordenação de jornalismo, reuniões, aulas, orientações de trabalhos de conclusão de curso e algumas bancas no final do semestre. Claro, outros compromissos sempre haverá. Mas prioritariamente (além de escrever, escrever, escrever) é por aí que irei com a Santa Graça Divina.

Aproveitei o sol da manhã desta terça para andar pelas ruas do bairro. Uma parada para um cafezinho no balcão de uma simpática lanchonete que acabo de descobrir e outra para contemplar a igreja da Imaculada Conceição que é azul e está vazia.

O almoço na casa da mãe é inevitável assim como a sesta no velho sofá e a conversa sobre os velhos tempos do Cambuci. Fim de tarde me plantei diante do computador e, como soldado na porta do quartel quer serviço, veja no que deu: um texto com base nos escritos alheios.

Quer bisbilhotar? Fique à vontade, pois:

I.

Abro o email do professor Heron Vargas e é para eu confirmar presença na quinta à noite como palestrante do curso de pós que ele coordena em Jornalismo Cultural. Presença confirmada. Confirmadíssima. De 1975 a 1991 ou 92, não lembro, andei de disco em disco, de show em show, de entrevista em entrevista atrás dos principais nomes da MPB. Desconfio que dos grandes só o Chico Buarque me escapou.

O que o Heron não pode imaginar é o tamanho da saudade que me bateu no preciso instante em que o li. Foram anos nessa rotina. Quase recupero meu currículo e mando para uma publicação qualquer. Ganhava pouco, assistia aos shows de graça, recebia uma penca de elepês para comentar e me sentia um quase artista. Era um tanto ingênuo. Pensava que podíamos mudar o mundo com canções e o toc-toc-toc da máquina de escrever.

II.

A Flávia Rodrigues, que trabalhou comigo há anos, recomenda a leitura do texto de um colunista que era da Folha de S.Paulo e agora está no Estadão. Acho que é um texto antigo sobre as mulheres. Ela ressalta que o tal fulano é o máximo. Indispensável.

Leio o primeiro parágrafo, me arrasto no segundo, resisto ao terceiro e não emplaco o quarto. Desisto. Não há críticas nessas observações. Só me fazem pensar o quanto é difícil escrever e mais ainda como os nossos textos chegam às pessoas. Que nos acham lindos, babacas, reflexivos, humanistas, românticos, objetivos, importantes, vagos e vagais.

Gosto de textos em que sinto um coração pulsando, em que encontre vida e, cheguei agora à conclusão, algo que fale de perto à minha verdade – que me apresso em dizer não sei qual é.

Talvez por isso as bobagens adocicadas dos tribalistas me encantam, especialmente quando dizem "o meu melhor amigo é o meu amor". Não citam Confúcio, Aristóteles ou um desses alemães que têm o monopólio do pensar e da comunicação. Mas taí algo que há anos me seduz, e cada vez mais me parece impossível: juntar amor e amizade.

Peço à minha remetente que não se zangue.
Foi legal o toque.

III.

Sou emoção pura ao encontrar um antigo email do amigo Geraldo Peixoto. Há tempos não o vejo. Ele agradece a citação de seu nome numa crônica mais antiga ainda, quando narrei a história de um cachorro que provocou um grande quebra-quebra em plena rua 7 de abril nos idos dos efervescentes anos 60.

Geraldo foi uma das testemunhas do embate entre os prós e os contras o tal cachorro se escafedeu em meio ao sururu. Diz o amigo (porque quem digita é sua mui amada Dulce, “a mulher da minha vida”):

-- Enfim, meu queridíssimo amigo, apesar do tempo e da distância, continuo tendo uma fé e uma crença inabalável nas pessoas, homens e mulheres que cruzaram meu caminho. Pessoas da maior importância, que me fizeram crescer e com quem aprendi muito. E você, caríssimo, sem dúvida é uma delas. E, o cachorro, sem dúvida, é o melhor amigo do homem (apesar de Vinicius de Moraes, um dia, ter dito que não, que o melhor amigo do homem é o uísque que, vem a ser, o cachorro engarrafado). Beijos, saudades e, uma hora a gente se vê por aí.

IV.

Um remetente que não identifico manda um convite para uma festa e um texto do profeta Isaías que diz:

“Quando você estiver em dúvida sobre que direção tomar, submeta o seu poder de julgar inteiramente ao Espírito de Deus e peça-Lhee para fechar todas as portas, menos a certa. Enquanto isso, continue a agir como sempre, e considere a ausência de orientação, como sendo uma indicação de Deus de que você está na trilha certa”.

Taí, gostei. Não sei quem é. Mas, por vias das dúvidas, fico com a reflexão e desisto da festa.

V.

A Menina de Cabelo Vermelho diz que partiu para outra e encontrou um novo amor. Aleluia. Coisa rara. Comemoro. Outra moça me diz que está em crise. Respondo que talvez seja o desalinhamento dos planetas porque também me sinto assim. É dar tempo ao tempo. Por enquanto, fiquemos, ambos os dois, com os versos sutís de Luiz Melodia:

“Eu morro de amores. Eu preciso aprender”.

VI.

Analy, não esqueci. Aniversário atrapalhado, né. Parabéns!

 
 
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Autor: Analy Cristofani Data: 11/05/2007
Obrigada pela lembrança. Estou lendo aqui alguns textos atrasados e me sinto menos sozinha pela sua citação. Antes disso, ainda me emocionei com a linda, bonita mesmo, história dos 90 anos do seu Aldo, seu pai, de quem me lembro muito pouco, apenas de uma vez sentado em uma poltrona na casa dele, de boina, com voz tranqüila. Mas quem perdeu (de vista, apenas) essas pessoas tão queridas, consegue entender o que quis dizer seu pai, de mãos dadas com você. Obrigada pela lembrança. Beijos
 
 
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