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Título: O sueco e o italiano
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 08/08/2007
 

Ânimo, rapaz.
Que a vida continua.
E os seus leitores voltaram
ontem em bom número,
pra mais de 100...

Ânimo!

Já deveria saber, meu caro,
-- justamente você que vive
a escrever, dia sim e outro
também, que é da vida e
dos amores...

Pois é.

Deveria saber.
Que a rapadura é doce,
mas não é mole, não...

II.

Por mais longo e sinuoso
que seja o caminho, não há
como percorrê-lo sem que
se dê o primeiro passo
e outro e mais outro e outros
mais quanto necessários...

Há dias, sei bem, amigo,
que a crônica salta aos olhos,
flui pelas pontas dos dedos
a tocar o teclado esmaecido
pelo tempo e pelo uso...

É pau, é pedra...

A notícia do jornal.
O grande evento.
O movimento cultural.
Um bom filme.
A canção que nunca
mais tocou.

O resultado do futebol.
A piada que se ouviu.
A lembrança de um causo.

As pequenas grandes
tragédias de cada dia...

São notícias que se transformam.
Comentários que viram textos,
posts. Prefiro crônicas.

III.

Pois, então...

Há dias que vem o refluxo
das águas, e é inexplicável...

O enfileirar de letrinhas embica
de um lado e de outro. E não decola...

Sugere uma coisa mais pessoal.
Um recado, um desabafo.
Uma coisa qualquer que o prenda
aqui, caríssimo leitor.

Mas, caramba, hoje, pareço travado.
Um certo vazio. Algo que ficou por dizer.

Já viveu isso?
Ficar diante de uma pessoa,
querer lhe contar a história
do mundo e se perder em
repetições sem sentido?

Não há como emplacar
nada que tenha
começo, meio e fim.

É assim que me sinto...

IV.

E o desafio diário
de escrever?

Vejamos.

Dois recortes de jornal sobre a mesa.
Separei para ler e comentar.
Li, mas não comentei...

Falam da morte de dois cineastas.
Bergman e Antonioni. O sueco e o italiano.
Tidos e havidos como vitais para
minha geração. Era um ritual obrigatório
assistir às obras de ambos,
assim que entravam em cartaz.

Mas, hoje, dizer o quê dos caras?

Repetir o que li no jornal?

V.

Não explico nem a mim.
Vou lá entender os silêncios
de Bergman? Sei que nos deixava
desacoroçoado na sala escura.
A cada viagem das câmeras
tentávamos descobrir um significado
oculto. Assunto para nossas tolas
discussões num bar qualquer.

Jamais aconteceria de vivermos
situações parelhas. Angústias,
gritos, sussuros...

Não, nós, os bem-resolvidos.

VI.

Outro da sétima arte que se foi.
Antonioni. O avesso do avesso.
O vazio existencial. O imponderável.

Lembro de Profissão: Repórter,
filme que vi e revi e fui ver de novo.
A vislumbrar a lambança de viver
um destino de alguém que não sou...

Reconheço.

Imaginei Mary Schneider, belíssima,
ao lado, num velho e bom carro
conversível, pelas estradas da Europa...

Para o que desse e viesse.

VII.

Calma rapaz.
Era só a cena de um filme.
Ademais, pense, como
ficariam seus leitores?

Já pensou?

Você, com a Mary Schneider
a tira colo, lá ia ter tempo
de escrever, de postar...

Sejamos sinceros.

Até porque é provável que
não sobrasse pra você,
dada a concorrência desleal

E o Jack Nicholson,
na parada, como ficaria?

Pense bem.
Avalie.

Vale não se iludir. E deixar
na parede da memória...

Além do que, repare,
o mocinho morre no final.

 
 
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