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Título: Um dos melhores...
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 19/08/2007
 

O Marques o chamava de A Víbora.

Zé Jofre perguntou se eu não o conhecia – e concluiu:

-- Ensinam o quê na universidade?

Comecei a responder:

-- Fundamentos Científicos da Comunicação...

Ouvi a risada do Nasci e percebi a ironia da pergunta.

Leila e Regina, mais jovens do que eu, ficaram silenciosas.

Desconfio que também não o conheciam.

Para variar, nosso chefe imediato, o AC, não estava – era o único que nos socorria nessas horas em que o conflito de gerações eclodia na primeira redação em que trabalhei.

Era divertido...

II.

Soube depois que, ao lado de Rubem Braga, ele foi correspondente na Segunda Grande Guerra a mando do chefe, Assis Chateaubriand. Mas, passei a conhece-lo melhor quando teve uma coluna no antigo Diário Popular.

Era um repórter contundente, demolidor. Por isso, Chatô lhe deu o apelido...

Há dois livros que reúne suas reportagens que recomendo aos alunos de jornalismo: A Feijoada Que Derrubou o Governo e A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista.

Há, porém, um terceiro que é o meu preferido. Encontrei o exemplar em um sebo e me encanto toda vez que releio os contos que o jornalista escreveu. Sensível às pequenas coisas do cotidiano, em nada lembra a Víbora das redações...

Chama-se Não Foi o Que Você Pediu?

Mas, há outros tantos. Sergipano de Lagarto, o homem chegou ao Rio em 1938 e desandou a escrever. Só no Santo Google são 699 mil referências à sua obra.

III.

Ano passado, uma estudante de jornalismo o entrevistou para a disciplina de Reportagens Especiais. Estava com a saúde debilitada, por isso não quis que a moça tivesse o trabalho de se deslocar até sua casa no Rio. Vai que justo na hora tivesse uma crise qualquer e não pudesse atende-la. Conversaram, então, por telefone e ele se emocionou quando viu o interesse de uma jovem pelo futuro da reportagem.

Ou melhor, da grande reportagem. Essa mesmo que os jornalões parecem ter cada vez mais interesse em que desapareça.

-- Lugar de repórter é na rua, à caça de notícia. Que bom que você pensa assim – ensinou o velho jornalista, certamente um dos melhores nesses quase 200 anos de jornalismo no Brasil.

IV.

A estudante me contou que ele mal enxergava. Sua grande tristeza era não poder ler os jornais diários. No entanto, acompanhava tudo o que acontecia pelo rádio e pela TV. Não podia ver, mas ouvia atentamente.

Só ia dormir depois do último telejornal da madrugada. Mesmo assim a ruminar os assuntos para uma provável coluna que nunca mais escreveu...

V.

Foram assim os últimos dias do jornalista e escritor Joel Silveira, que morreu na quinta-feira, dia 16, aos 88 anos, em Copacabana, Rio de Janeiro...

 
 
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