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Título: O arrastar de dezembro
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 14/12/2007
 

Tem um quê de vazio esses dias de dezembro.

Especialmente aqui no campus.

Os corredores, vazios. As salas de aulas, silenciosas. Professores, de expressão cansada à frente dos computadores, a ‘fechar’ os benditos diários de classe.

Há um quê de fim de temporada em tudo que está à nossa volta.

Não é diferente em outros lugares.

Mesmo nas redações, o ritmo é outro. Mais arrastado, diria.

Olhos atentos às escalas para saber quem vai trabalhar – e conseqüentemente quem vai folgar – no Natal, no Reveillon e no primeiro dia do ano.

Muita gente também pensa nas férias que se aproximam.

Os que não vão descansar fingem não estar nem aí.

Quantas vezes, ouvi comentários do tipo:

-- Prefiro tirar férias fora da alta temporada.

Têm lá suas razões – mas, convenhamos, há uma pontinha de inveja na observação. Que, se fosse pra valer mesmo, não precisava ser feita. Concordam?

II.

Não lembro bem quando foi e onde foi. Sei que estava numa redação, provavelmente naquela semana lusco-fusco entre o Natal e fim do ano. Estava com as idéias na Lua e a agenda na mão. Me pus a folheá-la, página após página. Olhava o passar dos dias a instigar esta ou aquela lembrança. Um nome, uma data, um número de telefone rabiscado às pressas – de quem seria?

Uma viagem...

O tempo que o tempo engoliu.

Quando dei por mim já havia escrito na última página, em letras propositalmente desalinhadas:

“Fim de ano. Fim de tudo. Ano novo. Tudo de novo”.

III.

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente". Carlos Drummond de Andrade

IV.

O poeta e o leitor que me perdoem a proximidade de aspas tão díspares.

Que sem noção que sou...

Não resisti ao encanto da prosa drummondiana. Além do que, o texto me foi enviado, via email, pelo amigo Everaldo Fioravante, o Grilo, que não vejo há tanto tempo.

Bom demais saber notícias dos amigos que ganham o mundo e um dia reaparecem, como se nunca tivessem partido.

 
 
COMENTÁRIOS | cadastrar comentário |
 
Autor: rosana Data: 18/12/2007
Mas veja, temos essa mania burra de pontuar tudo, é quase inconsciente. Não se começa um regime na quarta-feira, como não se faz resolução de mudança em Junho.

Ok, sabemos. Horas são apenas horas. Dias, apenas dias. Mas os nomes que damos à eles, estes é que são fatais. "O que há num simples nome? O que chamamos rosa com outro nome não teria igual perfume?". Não, não teria...hahaha
 
Autor: Analy Cristofani Data: 17/12/2007
Tem razão, Rodolfo. Que saudade dos amigos que estão distantes. Um beijo pro Grilo, gente boa, talentoso que, claro, por ser talentoso, não está mais tão perto...rs
E não discuto o assunto: quanta esperança a gente coloca no coração para o ano que vem, os dias que chegarão. Quanto a gente espera. E quanto será esperam da gente?
 
 
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