Por que assim é se lhe parece.
Com céu cinzento, a chuva fina e os congestionamentos habituais, São Paulo recebeu este primeiro dia de primavera.
Os encantos e mistérios da nova estação – se os há ou haverá – ainda se escondem no silêncio de cada um. Ou em breves recados que se lê e vê e ouve pela aí.
A terça de chuva é também de lágrima saudosa para Dirce Migliaccio, a primeira Emília da TV Globo.
Antes dela, muito antes, a lembrança é inevitável: a primeira Emília da TV brasileira foi Lúcia Lambertini, na pioneira TV Tupi.
Eu era garoto ainda. Imaginem quanto tempo faz?
O rádio do carro me devolve à realidade. Ouço a notícia de outra bola dividida para o presidente Lula. O asilo político que a embaixada brasileira, em Tegucigalpa, deu ao presidente deposto Manuel Zelaya vai exigir uma habilidade extra – e um generoso esforço de negociação. Nessa hora em que o caudilhismo começa a ganhar aficionados em países importantes da América Latina, qualquer passo em falso pode gerar prejuízos diplomáticos irreparáveis a curto e médio prazo.
Só esqueço desses ‘projetos’ de Fidel Castro quando encontro a moça, ainda no estacionamento do trabalho. Ela responde o meu bom-dia, de um modo pouco comum.
— Tomara que seja mesmo!
Aposto que será, mas não digo a ela, nem a ninguém.
Sou um inveterado otimista.
Aperto o passo porque também a chuva aperta.
E, de algum modo, creio, abençoa a todos nós.
Os que vivem e deixam viver.
FOTO no Blog: Jô Rabelo