Comento hoje a entrevista com o jornalista Jânio de Freitas, no programa Roda Viva da noite de segunda-feira.
Uma aula de jornalismo.
Explico o atraso…
Ainda estou a refletir a contundência das declarações do colunista da Folha de S.Paulo, especialmente sobre o jornalismo que hoje se pratica e que, ao meu ver, vive momento de perigosa transição.
“Jornal é jornal. Internet é internet”.
Segundo ele, cada um precisa trilhar o próprio caminho. Encontrar as próprias soluções, pois são produtos diferentes, com propostas diversas. Não adianta um tentar espelhar-se no outro. Tal redundância de conteúdos só resultará em equívocos para ambas as partes, especialmente no aspecto jornalístico.
Em dado momento do programa, o apresentador Mario Sergio Conti perguntou se Freitas não via o jornalismo a partir de uma ótica “um pouco saudosista".
A resposta lembrou suas relevantes passagens pelo Jornal do Brasil (comandou a reforma de 1959), do Correio da Manhã e da última fase do jornal Última Hora:
"Criou-se um estigma em relação a esta palavra. Não vejo nenhum problema em se ter saudades de algo que funcionou, ou de algo que deu certo em sua vida".
Aliás, sobre a reforma do JB, saudada pelos estudiosos como marco na história da imprensa brasileira, Freitas tem uma versão distinta e peculiar.
— Não foi uma reforma. Porque as mudanças editoriais que fizemos não tinham parâmetros por aqui. Foi um projeto inteiramente novo.
Outra frase marcante:
“Não tenho prazer algum em ser colunista político”.
A partir de suas críticas ao longo dos anos, foi perdendo leitores que eram simpáticos ao Sarney, ao Collor, ao Fernando Henrique, ao Lula…
Para ele, o Brasil é um país onde grassa o contumaz primarismo.
“Você acha que depois de esperar 30 anos, ainda que se ganhe uma ação, isto pode ser considerado justiça? Só o Judiciário de um país primário pode permitir tal fato.”
Além de Conti, estiveram na bancada de entrevistadores os jornalistas Matinas Suzuki Jr (diretor-executivo da Companhia das Letras), Ricardo Noblat (colunista de O Globo e titular do Blog do Noblat), Maria Cristina Fernandes (do jornal Valor Econômico), Mário Magalhães (escritor) e Margarete Vieira Pedro (professora de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo).