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Caetano, 70 anos

“Pena de pavão de krishna
Maravilha, vixê… Ma…
…ria, mãe de Deus.
Será que esses olhos
são meus.”

Caetano Veloso, que hoje completa 70 anos, é um dos raros pontos futuros na música popular.

O único capaz de uma rima como a que fez em “Trilhos Urbanos” e que abre, diria triunfalmente, o post de hoje.

II.

Vou lhes dizer…

Não foram raras as vezes que me senti tal e qual aquele personagem do filme “Fale Com Ela” de Almodovar que, após ouvir Caetano Veloso cantar, conclui, olhos marejados, mais do que entregue:

— Esse cara me emociona!

No filme, Caetano canta “Cucurrucucu Paloma”.

A cena é o que há.

III.

Desconfio que é assim desde a primeira canção.

Era garoto, e cismei de aprender violão. Dedos curtos, de pouca elasticidade; sejamos francos, sem nenhum talento para me embrenhar nas dissonâncias da bossa nova, a professora resolveu facilitar as coisas para mim. Trouxe a letra de “É de Manhã” cifrada, e me fez ouvir várias vezes a canção (que pouco tocava no rádio) do jovem e promissor baiano.

Fez mais, e melhor para tentar me convencer a tocá-la.

— Os acordes são quase os mesmos de “Mas Que Nada”, “Chove Chuva” e “Por Causa de Você, Menina”. Só mudam a batida e a divisão.

Fiquei encantado com a letra.

Vontade de viver um amor assim. Ter uma flor amada, que é mais que a madrugada e que, por ela, o galo cocorocô.

IV.

Não preciso dizer, mas digo.

Não vinguei como violonista. Mas, continuei ligado em música. Primeiro como torcedor apaixonado pelos festivais, depois como inveterado colecionador de discos e, ali, pelos anos 70 e 80, como repórter na área de música popular brasileira.

Tive o privilégio de entrevistá-lo algumas vezes.

(Eram comuns as coletivas para a Imprensa.)

Em todo esse modesto trajeto, o baiano de Santo Amaro da Purificação se fez presente.

E de maneira notável, tanto como autor quanto como intérprete.

Não são poucas as canções que fazem parte da trilha sonora da vida do blogueiro.

É uma lista tão extensa que nem vale à pena aqui reproduzi-la.

V.

Vale, no entanto, o registro daquele considero como um dos versos mais bonitos da MPB:

“És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho.
Tempo, tempo, tempo, tempo…”

(Oração ao Tempo)