O Poeta deu notícias.
Por zap.
Que, ao que consta, é assim que hoje os brothers se falam.
O amigo está um tanto desalentado com as coisas que estão no mundo e que nós, os mais vividos, não conseguimos entender.
É muita modernidade pra nossa cabeça, irmão.
Cabeça explode!
Não entendi bem a causa, mas presumo que seja o sem-jeito do Brasil, o descontrole do mundo, o momento cósmico.
Sei lá…
Pode ser ‘tudo junto e misturado’, como ouvi alguém dizer.
Pode ser o desatino dos que, um dia, ousaram sonhar com um mundo mais fraterno e justo.
Quem leu a coluna do Élio Gaspari, hoje, na Folha, vai entender melhor o que digo.
As máscaras começam a cair!
…
Como tudo o que sei é que nada sei, ainda não lhe respondi.
Este post é uma vã tentativa.
Peço ajuda aos universitários – ou melhor, aos leitores.
Vou compartilhar a mensagem.
Depois, na parte final da crônica, a gente reflete sobre…
(Se o texto encompridar demais, continuaremos o papo amanhã.)
…
A mensagem:
Olá, mano velho!
Segura meu desabafo – e, se possível, me dá um alento.
Seguinte, cara:
Cada vez mais eu acredito menos.
Nem lamentar, sei mais.
Entendo agora aquele verso do Raul Seixas?
“Se você quiser entrar num buraco de rato/de rato você tem que transar.”
(Transar, aqui, é no sentido de transformar-se, bem entendido, não?)
Então…
A rataiada está solta. Tem gente batendo palma, marcando ritmo, pra maluco dançar.
Nunca imaginei.
E não são mais os malucos-belezas, do tempo do Raulzito.
São doidões destemperados, do mal, à solta, mandando e desmandando.
Roeram – e roem – nossas conquistas, cara. Na maior.
É o que mais me entristece.
Houve um tempo, lembra?, que o sonho era iminente.
Havia a magia, o encanto (ou a ilusão) de que chegaríamos lá.
Até chegamos, mas não soubemos permanecer firmes, fortes, coesos.
Fizemos pior:
Não soubemos passar o bastão às novas gerações.
Me parecem perdidinhas, sem rumo e sem emprego.
Mais grave ainda: subestimamos os inimigos que permaneceram na miúda. Por vezes, até pensamos que este ou aquele era um dos nossos. Que vacilo!
Alimentaram-se dos nossos folguedos, dos nossos deslizes – e contra-atacaram.
Destruíram o que imaginávamos construir. Aquele que seria o nosso melhor legado.
Perdemos, mano velho, perdemos.
…
Poeta amigo e amigos leitores,
Assino e dou fé às palavras da mensagem/desabafo.
Mas, sem desesperar. Jamais.
Irmão, quem viveu o que vivemos- e ainda não afrouxou os parafusos da cachola -, tem o mesmo sentimento de desamparo. Vive o mesmo emaranhado de conflitos, digamos, existenciais que hoje nos aflige. Faz os mesmos questionamentos e se pergunta, diante de tanta e tamanha boçalidade:
Valeu à pena?
Não tenho dúvida que sim. Errare humanun est.
Tem tempo que é de fogo, Poeta.
Tem tempo que é de água.
Entre a semeadura e a colheita, há o tempo sagrado da espera.
Espera que dá origem à palavra
e_s_p_e_r_a_n_ç_a
que é a última que morre, mas requer atenção e força e fé. Atitude!
– Não somos mais meninos – há de você me lembrar.
Por isso mesmo temos de entender o tempo que temos e o tempo que o tempo tem. E continuar, à nossa maneira, na lida e na luta. Que o sonho e os ideais, estes, eles não nos roubam. Nunca.
*Um adendo:
A propósito, amigo, apareça por aqui amanhã que quero esticar esse papo contigo e com os leitores. Não é só de zapzap que se vive, ora, pois…
O que você acha?