Foto: Flamengo Fumaça
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A Fla Press está eufórica, meu querido.
Insuportável para quem é torcedor do Flu como eu.
Nunca vi coisa igual.
Não foi assim nem nos tempos do Zico.
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O desabafo é do amigo Marceleza.
Vai no embalo das declarações do presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, que ontem falou em “soberba” flamenguista e cousa e lousa.
Não conhecia a expressão “Fla Press”.
Achei divertida – e algo verdadeira – a definição.
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Em outro trecho, o amigo (que nasceu em Caraguatatuba, mas que se define por gosto, opção e criação como carioca) amplia a queixa:
Torcedor é torcedor, e eu até entendo o fanatismo, a festa e tal. Mas, os teus coleguinhas da Imprensa ‘comprarem o barulho’. Ah, imperdoável. Entendo que todos ganham com essa alta do Flamengo. As TVs, os jornalistas e todo o entorno do “negócio futebol”. Aumenta a audiência, com o aumento da audiência vem mais receita, mais popularidade pra quem assimila e faz coro ao oba-oba.
Ele termina lembrando o bordão do saudoso comediante Lilico (não sei pra qual clube torcia):
É bonito isso?
E ainda faz uma provocação:
Cadê o jornalismo, velho de guerra?
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Ô, meu querido, não se estresse por tão pouco.
Futebol é entretenimento, feito para o nosso lazer e distração.
Toda essa empolgação, entenda, como algo normal. Faz parte do jogo, só que hoje é potencializado pela onipresença da mídia eletrônica e das redes sociais.
Quer saber? Não passe recibo.
Segure a onda que nessa vida tudo passa (menos a vontade de ficar rico).
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A propósito, aproveito para lhe contar uma historieta que vivi e, talvez, ilustre bem o momento.
Era um jovem repórter e fui destacado para cobrir um jogo decisivo entre Palmeiras e São Paulo. Semifinais do Paulistão de 1978. Era minha primeira vez num estádio como cronista esportivo, credenciado, com acesso à tribuna de imprensa, aos vestiários e o escambau.
Marcão, meu mestre e primeiro editor, foi firme na orientação:
“Lembre-se que lugar de torcedor é na arquibancada, ok? Você vai estar na cabine de imprensa, então, comporte-se. Não dê vexame. E cumpra sua obrigação.”
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Missão dada, missão cumprida.
Cheguei ao Morumbi na maior consciência de como me comportar. Olhos atentos aos lances da partida. Só rabiscando na caderneta de anotações a descrição dos lances do jogo. Olha que honra: ao meu lado dois veteranos, Solange Bibas e Álvaro Paes Leme, além de outros tantos notáveis da imprensa esportiva.
O placar de 0x0 dava a classificação ao Palmeiras – e na cabine só se ouvia murmúrios e breves comentários sobre o que acontecia no gramado.
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Tudo na mais perfeita ordem…
Até que aos quarenta e tantos do segundo tempo, eis que o centro-avante Serginho sobe mais que o zagueiro Beto Fuscão e cabeceia para o gol do Tricolor.
Goooooollllll!
Desnorteei.
A cabine explodiu em gritos e urros. Até o corintiano Bibas, não sei por qual motivo, comemorou efusivamente e quase todos fizeram a festa.
Óbvio que havia, ali, alguns palmeirenses enrustidos que. como eu, ficaram na muda. Só fingindo que faziam anotações importantes enquanto amargávamos a mais profunda tristeza d’alma.
Ah, a inexplicável paixão que envolve e dá vida ao Planeta Bola!
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Para teu consolo, Marceleza, trago versos do mestre Carola (que era Fluminense, como você) na voz da inesquecível Beth Carvalho (que torcia para o Botafogo).
Se resolve?
Não sei, mas serve de lenitivo para dores e amores.
De quando em quanto, todos precisamos…
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Ops.
Quase esqueço:
Hoje tem a final da Copa do Brasil: Inter x Athético Paranaense.
Vamos assistir de camarote, mermão.
Abs.
O que você acha?