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Crônicas de Viagens – Saint-Tropez

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Fotos: Arquivo Pessoal

34 – O futebol como nosso Abra-te Sézamo

Imaginei minha chegada triunfal à Côte d’Azur, a Riviera Francesa.

Primeira parada – obrigatória aliás – seria  SAINT-TROPEZ.

Está bom pra vocês?

Trilha sonora nos conformes, lembranças de cenas de filmes e aquela historinha que todos sabem, mas não custa nada recordar.

De pacata aldeia de pescadores até os anos 60 a um dos pontos mais sofisticados do litoral francês. Marco dessa mudança: a diva Brigitte Bardot, no auge da sua beleza, por ali se instalou, toda soltinha e fagueira, num doce e inesquecível verão.

Foi o Abra-te Sézamo do lugar para a fama internacional.

Ulalá…

Nem em meus melhores sonhos de adolescente pensei que um dia estaria por aqui.

Para quem mal conseguia passar um domingão na praia de Itararé em São Vicente até que andei um bocado.

Eu mereço!

Nem tanto, meus caros, nem tanto.

Não me dei conta de alguns detalhes, digamos, fundamentais.

1 – cheguei lá numa fria manhã de inverno;

2 – ventava pra dedéu, muito mesmo, vento gelado, cortante;

3 – as ruas estavam vazias e o mar agitadão.

Enfim…

Saint-Tropez, meus caros, nos acolheu como uma cidade-fantasma.

Em vista de todos esses fenômenos, creio e por algum motivo que ninguém soube me explicar, até o comércio estava fechado. Só um ou outro bar ou brasserie estavam funcionando.

– Talvez as lojas abram à tardinha, se o tempo melhorar, alguém nos informou.

Mesmo assim, insistimos num passeio por becos e quebradas ao nosso alcance, incluindo o calçadão beira-mar que, mesmo no inverno e com os iates atracados, tem lá seu charme.

Afinal, estamos em Saint-Tropez, camaradas.

Mesmo aqui, acreditem!, o futebol é um Abra-te Sézamo para nós, brasileiros.

Aliás, uma observação: não é mau negócio o previdente turista ter na bagagem a camisa da seleção, preferivelmente “a amarelinha”.

Pode ser outro Abra-te Sézamo.

Continuamos, apesar de todos os pesares, a ser o País do Futebol.

No entanto, vale a ressalva.

Nossos campeonatos e nossos clubes, para eles, não existem.

Existe, sim, a seleção que ainda é atração em qualquer canto do mundo.

Mas, prioritariamente, os gringos têm na lembrança as memoráveis passagens pelo futebol europeu de “foras de série” como Romário, Ronaldo e – vá lá – Ronaldinho Gaúcho.

Diria, com algum pesar, que já vivemos dias melhores.

Até o mito inatingível de Pelé como Rei do Futebol, começa a desaparecer, ofuscado pelas façanhas recorrentes do argentino Messi e do gajo Cristiano Ronaldo.

Sei que os tempos são outros – e as comparações não se sustentam.

Pelé, para nós, será sempre o primeiro, o único; eterno.

Por que lhes falo de futebol numa crônica que deveria descrever eventuais atrações turísticas?

Respondo.

Presenciei uma cena singular transmitida pelo televisor do restaurante em que nos abrigamos do frio. Logo nos enturmamos aos franceses para assistir  ao jogo Lille 3 e Olympique Nimes 2, final ou semi pela copa da liga francesa. Uma partida disputadíssima, com várias alternativas no placar.

Ao final, o estádio (e o restaurante) explodiu em aplauso para ambas as equipes.

Os vencedores perfilam-se em fila dupla, formam um corredor à entrada do túnel dos vestiários -e, assim postados, saudaram (também com aplausos) o pessoal do Nimes pela lealdade da disputa e pelo belo espetáculo que puderam proporcionar aos espectadores.

Achei bonito. Não tem a ver com o passeio, mas, convenhamos, foi uma notável lição de esportividade.

Sigamos…

* Inspirado em crônica originalmente publicada em 29/01/2013 

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