Foto: Arquivo Pessoal
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Então, Nestor e amigos…
Como ontem lhes disse, tenho uma tese sobre como a banda toca na arte e no ofício de ser jornalista neste Brasilzão que, um dia, foi de meu Deus.
Seguinte:
Vida afora, andei por várias redações que a sina de repórter não é muito diferente do que a do andarilho solitário.
(Ao menos, naquele tempo, era assim…)
Fiz grandes e inesquecíveis amigos.
Convivi com poucos donos de jornais.
Mas, porém, contudo, todavia…
Li sobre os feitos de uns e os desfeitos de outros. O versa e o vice.
Também me aprofundei nos estudos da História do Jornalismo, um assunto que, ainda hoje, mesmo longe das lides acadêmicas, me interessa.
Assisti a alguns documentários e…
… ouvi muitas histórias sobre os tais e os quais, os tantos e os tamanhos.
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Uns pelos outros, puxa daqui, estica dali, passei a entendê-los como algo próximo ao que eram os senhores feudais.
Muitos, aliás, iam além.
Quem assistiu ao clássico Cidadão Kane, de Orson Welles?
A mais perfeita tradução dos…
A conferir!
É uma impressão que tenho.
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Como quem puxa aos seus não degenera.
Não raras vezes, os filhos/herdeiros vão pelo mesmo caminho.
(Isso quando não esfolam o império que o pai criou e carregam o que podem para o dolce far nient no Exterior.)
Ah, e tem os amigos e os amigos dos amigos…
Esses ocupam os cargos de chefia e capricham em ser os tinhosos em nome do mandachuva mor.
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Há exceções?
Sim, sempre há e haverá.
Mas, amigo Nestor, só confirmam a regra.
A propósito, Nestor, leia o livro O Brasil, do notável jornalista Mino Carta – e certamente vai entender bem melhor o que tento lhes dizer.
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Quanto à TV Globo é notório seu projeto editorial desde idos tempos.
Faz um bom jornalismo no varejo da cobertura cotidiana, mas no atacado, quando pretende manipular a realidade, é um desastre.
Minha opinião, ok?
Dou de barato que não ficou feliz com o resultado das cinco últimas eleições presidenciais.
À esquerda ou à direita, não foi nada daquilo que gostaria que fosse.
Mesmo assim, não dá o braço a torcer.
Hoje, eu diria que procura um nome, a tal terceira via, que lhe seja conveniente. Um outro Collor, talvez.
Justiça se lhe faça, porém.
É provável que, daqui há 50 anos, divulgue um novo editorial em que reconhece os erros crassos e as omissões que hoje comete como fez, em 2014, nas reportagens sobre o cinquentenário do Golpe de 64.
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E os jornalistas?
Quem trabalha no jornalismo da Globo (ou na redação de qualquer outra empresa de comunicação) sabe exatamente qual a linha editorial da emissora e, de alguma forma, acata de bom grado fazer parte do jogo.
Uns porque acreditam piamente que assim é que é.
Outros relutam, buscam espaços próprios dentro do que lhes impõem o Manual de Redação, mas sabem que no vespeiro, aquele, não vale a pena tocar.
Ali, prevalece a voz do dono, como na canção do Chico Buarque que ontem postei.
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Um ‘por exemplo” que achei válido – e vale a reflexão:
Certa vez, fui mediador de uma mesa de debates com o jornalista Carlos Nascimento, entre outros. Ele trabalhou por longos anos na Globo – e ele foi enfático no modo como disse ter pautado seu comportamento enquanto repórter e apresentador dos noticiários da emissora:
“Na Globo, nem sempre eu disse o que quis. Mas, eu nunca disse o que não quis.”
Assim é se lhe parece.
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Então, Nestor…
Não sei se lhe expliquei o que, a princípio, pode parecer inexplicável.
Tentei.
Numa outra oportunidade, podemos discutir o conceito de imparcialidade.
Da neutralidade jornalística.
Existe?
Mesmo assim, no mundo de hoje entulhado por oceanos de informações, o jornalismo é fundamental para as interpelações da sociedade contemporânea.
Enfim…
Aproveito para lhe enviar um fraterno abraço.
Valeu, companheiro!
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O que você acha?