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A barbearia

O brasileiro é, por natureza e gosto, um contador de causos.

Um cronista do cotidiano.

Imaginação e fantasia não lhe faltam. Além de uma liberdade criativa própria a quem herdou do grande, e neste ano centenário, Rubem Braga a saudável aflição (ou diversão) de “viver em voz alta”.

Passe hora e meia em uma barbearia, dessas bem comunzinhas, como fiz na manhã deste sábado, para você inteirar-se do noticiário da semana a partir do que se diz ali, sem qualquer formalismo e de um jeito absolutamentedescontraido e bem nosso.

Da renúncia do Papa (“Alemão não dá ponto sem nó. Não foi só pela idade que o homem pediu pra sair…”) ao romance de Neymar com a atriz global (“Por falar em milagre, o que a ‘santa bola’ não é capaz de fazer…”), vale tudo para tocar o assunto em frente – o novo partido da dona Marina (“Não é pareo para a Dilma…”), as questões da violência urbana em Santa Catarina (“E os caras ainda dizem que São Paulo que é terra-de-ninguém, Quer dizer, é também. Mas, não só…!”), a chuva que alagou a cidade dia desses (“Fiquei vendo aqueles carrinhos todos chafundardos na água, aí pensei, né… Tô no lucro, só ando de buzão…”).

Até o verão, um gaiato ousou definir como “tímido e pífio”.

Nem o meteorito que despencou em solo russo escapou dos comentários:

— Se a coisa cai na Bahia, aquela luz toda, o barulhão todo que fez, o pessoal ia pensar que eram os batuqueiros do Olodum se preparando para recomeçar o Carnaval. Aí eles iam para o delírio… Chame a Timbalada, os Filhos de Ghandi, Ivete, Claudinha, Caetano, Gil…

II.

Barbearia, meus caros, é mesmo um espaço democrático.

Todos palpitam.

Cornetam e são cornetados, na maior cordialidade. E com mais autenticidade do que esses programas de TV metidos a bestas…

Claro que não faltou uma boa piada. De papagaio, claro.

Mas, esta eu conto amanhã.