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A canção e o tempo

O Tempo não para no porto
Não apita na curva
Não espera ninguém

Ontem, uma conversa entre amigos, me fez lembrar os versos definitivos de uma linda canção que o sumido Reginaldo Lessa defendeu durante o Festival Abertura, nos idos de 1975.

Falávamos de fatos da atualidade, com alguma intolerância. Até que alguém , já no limite dos ranhetas, sacou a frase que deixou a todos de cabelos em pé (os que ainda têm cabelos, lógico; os que não tem se assustaram também):

– Parece que vivemos uma situação própria ao aparecimento de um ‘salvador da pátria’, um pau de dar em doido… Que pode levar o País ao retrocesso. Os radicais sabem bem como agir nessas horas.

Houve quem lembrasse a fase pré Golpe de 64. Outros lembraram certo “Caçador de Marajás” que se fez presidente. Todos concordaram que a tal luz no fim do túnel que tanto almejávamos pode ser mesmo o farol da locomotiva vindo em nossa direção.

– Nem a Copa salva o Brasil, disse um.

Alguém falou em momento delicado. De ânimos exacerbados e indignação latente.

– O País do Futuro ficou no passado. Quem diria!!!

Ruminávamos nossas angústias e decepitudes. Quando Poeta chegou com a novidade:

— Caros, que coisa linda! Vindo para cá, vi um casal de jovens beijando-se sob a chuva. Não estavam nem aí para o congestionamento, se as pessoas estavam olhando, se o mundo ia acabar dali a instante… Lembram quando éramos assim? Jovens, inconsequentes, apaixonados. Sonhadores…

Ninguém respondeu.

Não foi preciso.

– Já fui bom nisso!!!

Era o cearense Gisleno que nos trazia uma nova rodada de cerveja.

Foi aí que lembrei os versos daquela canção do passado.